O DF tem 126 escolas públicas apontadas como violentas
São unidades que ficam em São Sebastião, Ceilândia e Plano Piloto; elas representam mais de 18% dos 690 estabelecimentos da capital
Brasília|Luiz Calcagno, do R7, em Brasília
O Distrito Federal tem 126 escolas públicas com maior vulnerabilidade a casos de violência. São unidades que ficam em São Sebastião, Ceilândia e Plano Piloto. É oque aponta um levantamento feito pela Secretaria de Educação. O secretário de Segurança, Júlio Danilo, afirmou que o combate à violência deve ser preventivo, mas admitiu a gravidade dos fatos, e afirmou que muitos dos enfrentamentos de adolescentes começam nas redes sociais.
O secretário destacou que os fatos merecem investigação e responsabilização das pessoas envolvidas. “Nosso foco não é a repressão, mas a prevenção. No entanto, a gente não pode deixar de acompanhar esses casos, tentar se antecipar, e abrir a devida investigação. Até para que isso desestimule jovens e adolescentes a praticarem esse tipo de ato nas escolas”, afirmou.
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As afirmações do secretário foram feitas durante uma coletiva de imprensa da Secretaria de Educação, da Casa Civil e da Secretaria de Segurança para informar os planos de combate à violência nas unidades de ensino do DF. A Secretária de Educação, Hélvia Paranaguá destacou que o levantamento foi feito com base nas ocorrências registradas no número 190, da Polícia Militar, com casos de violência dentro das unidades e nas imediações.
Entre as ocorrências estão casos de brigas e até de furto a veículo. Hélvia disse que não divulgará quais são as escolas, para não estigmatizá-las. “Os próprios coordenadores regionais de ensino e diretores de escola fizeram levantamento com base nos episódios e conversas que se mantêm entre a coordenação regional de ensino e escolas”, disse a secretária.
Ainda de acordo com a secretária, em muitos casos, adolescentes estão usando a internet para marcar brigas para ganhar mais seguidores, e isso também é um problema das escolas particulares. “Eles tem que entender que o celular é um complemento, um suporte para o ensino, e não pode ser mal utilizado. E esse problema não é só da rede pública. Temos diversos episódios ocorrendo nas escolas particulares do DF. É um problema que atinge a sociedade como um todo, seja escola pública ou privada”, alertou a secretária.
Onda de violência
Os casos de violência nas unidades de ensino do DF têm se tornado recorrentes. Na última terça-feira (22), uma mulher apontou uma arma para o rosto de uma estudante em frente ao Centro Educacional São Francisco, em São Sebastião.
No mesmo dia, no Colégio Fundamental do Bosque, também em São Sebastião, um estudante de 15 anos esfaqueou uma colega de 14. E, também em São Sebastião, dias antes, três homens assaltaram um ônibus escolar.
Também na terça, jovens trocaram socos e chutes em frente ao Centro de Ensino Médio 01, em Brazlândia. Em outro caso, no Centro de Ensino Médio 3, em Ceilândia, na última sexta-feira (18), um estudante foi esfaqueado depois de trocar uma briga com outro jovem.
E, em 9 de março, quatro adolescentes foram filmados brigando no pátio de uma escola em Santa Maria.
Plano de ações
As secretarias de Educação e de Segurança Pública divulgaram parte das ações para combater a violência nas escolas. Júlio Danilo informou que a pasta colocará integrantes dos cursos de formação de policiais militares para reforçar o policiamento do Batalhão Escolar nos estabelecimentos de ensino apontados como mais perigosos. Também destacaram militares em serviço complementar, isto é, trabalhando em horas de folga, para ajudar a cuidar das regiões.
Hélvia Paranaguá prometeu, nos próximos dias, detalhar o papel de cada uma das secretarias na ação de promoção da cultura de paz nas escolas. Além das pastas de Educação e Segurança, trabalharão em conjunto as secretarias de Saúde, Juventude, Justiça e Esportes. A secretária afirmou que publicará, no DODF (Diário Oficial do DF) desta terça (28), uma portaria criando uma comissão interna para atuar contra a onda de violência.
Na quarta-feira (30), a secretária fará uma reunião de planejamento para construir um plano de trabalho. Ao mesmo tempo, a pasta está imprimindo um “caderno de convivência escolar e cultura de paz nas escolas” voltado para a formação de professores.
“Há uma renovação muito grande de professores por causa dos contratos temporários. Então, esse trabalho tem que ser realizado constantemente. Tem que ser política de estado, e não só de governo, para formar os temporários para terem a compreensão do que é importante e quais abordagens devem ser feitas em sala de aula. Até 27 de abril, todo esse material vai ser distribuído na rede pública”, destacou Hélvia.
Caberá à Secretaria de Saúde, junto com os psicólogos da Secretaria de Educação, ampliar o PICS (Programa de Práticas Integrativas Complementares em Saúde), que atende 30 escolas do DF com rodas de conversa e outras abordagens. De acordo com a secretária, nenhuma das unidades atendidas pelo PICS teve registro de violência este ano. Ela também prometeu que o governo atenderá todas as escolas públicas do DF.