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EUA respondem a Lula e dizem que Trump não é ‘imperador’ global: ‘Líder do mundo livre’

Mais cedo, petista afirmou em entrevista internacional que republicano não foi eleito para ser ‘imperador do mundo’

Brasília|Ana Isabel Mansur, do R7, em Brasília

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Trump publicou carta a Lula na semana passada em que anuncia taxa de 50% aos produtos brasileiros Molly Riley/White House - 15.07.2025

Os Estados Unidos responderam nesta quinta-feira (17) às críticas feitas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao presidente Donald Trump. A Casa Branca destacou que o republicano, além de ser “o líder do mundo livre”, age em defesa do povo norte-americano.

Mais cedo nesta quinta, Lula afirmou, em entrevista internacional (leia mais abaixo), que Trump foi eleito para governar os Estados Unidos, não para ser “o imperador do mundo”.


RESUMO DA NOTÍCIA

  • Os EUA rebatem críticas de Lula a Trump, afirmando que ele é o "líder do mundo livre".
  • Lula criticou Trump por ser chamado de "imperador do mundo" e deseja negociar tarifas comerciais.
  • A Casa Branca anunciou uma investigação sobre práticas comerciais do Brasil, incluindo o sistema de pagamentos Pix e desmatamento ilegal.
  • Trump impôs tarifas de 50% em produtos brasileiros como resposta a ações do Brasil contra a liberdade de expressão e relação com Bolsonaro.

Produzido pela Ri7a - a Inteligência Artificial do R7

Não foi a primeira vez que o petista chamou o norte-americano de “imperador”. As críticas ocorrem na esteira da taxação de Trump a produtos brasileiros. Na semana passada, ele anunciou que vai cobrar 50% de todos os itens do Brasil comprados pelos EUA a partir de 1º de agosto.

“O presidente certamente não está tentando ser o imperador do mundo. Ele é um presidente forte para os Estados Unidos e também é o líder do mundo livre, e vimos uma grande mudança em todo o globo devido à forte liderança deste presidente”, declarou a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, em coletiva de imprensa, ao ser questionada sobre a declaração de Lula.


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A porta-voz também citou a investigação sobre o Brasil aberta nesta semana pela Representação Comercial dos Estados Unidos (USTR, na sigla em inglês). O objetivo é apurar supostas práticas comerciais desleais, envolvendo o Pix e medidas brasileiras de controle de desmatamento ilegal (leia mais abaixo).

“Há anos, sabemos que as regulamentações digitais do Brasil e as fracas proteções de propriedade intelectual minaram empresas de tecnologia e inovação dos EUA, e sua tolerância ao desmatamento ilegal e outras práticas ambientais coloca produtores, fabricantes, agricultores e pecuaristas americanos que seguem padrões ambientais mais rigorosos em desvantagem competitiva. Portanto, este presidente sempre age no melhor interesse do povo americano e dos Estados Unidos”, justificou a porta-voz de Trump.


Entrevista de Lula

Em conversa com a jornalista Christiane Amanpour, da CNN Internacional, o petista afirmou que está disposto a negociar a taxa imposta por Trump na semana passada.

Lula também voltou a defender a soberania do Brasil. “O Brasil deve cuidar do Brasil e cuidar do povo brasileiro, e não cuidar dos interesses dos outros”, destacou, ao reforçar o interesse em chegar a um acordo.


“O Brasil não aceitará nada que lhe seja imposto. Aceitamos negociação, e não imposição”, acrescentou Lula.

O petista afirmou, no entanto, que o republicano não está disposto a negociar. “Mas agora ele demonstrou que não está interessado [em negociar], porque acha que pode fazer tudo o que acha que quer com as tarifas”, declarou.

“Se o presidente Trump estiver disposto a levar a sério as negociações em andamento entre o Brasil e os EUA, estarei aberto a negociar o que for necessário. Mas o importante é que a relação entre os dois países não pode continuar assim”, completou Lula.

Tarifa de Trump

Em carta, enviada nominalmente a Lula na semana passada, Trump anunciou que, a partir de 1º de agosto, vai taxar em 50% todos os produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos.

O texto foi publicado no portal do presidente norte-americano.

Segundo o republicano, a medida é uma resposta direta a supostos ataques do Brasil à liberdade de expressão de empresas norte-americanas e à forma como o país tem tratado o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Além de inelegível até 2030, o ex-presidente é réu no STF (Supremo Tribunal Federal) por tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito.

Para o líder norte-americano, o julgamento e as investigações que envolvem o ex-presidente brasileiro configurariam uma “caça às bruxas” que deveria “terminar imediatamente”.

Investigação dos EUA

A apuração, anunciada pelos Estados Unidos, será feita com base na Seção 301 do Ato de Comércio, de 1974.

Segundo a USTR, a medida visa apurar se atos, políticas e práticas do governo brasileiro em áreas como comércio digital, serviços de pagamento eletrônico, como o Pix, tarifas preferenciais, combate à corrupção, proteção de propriedade intelectual, acesso ao mercado de etanol e controle de desmatamento ilegal são injustificáveis ou discriminatórios e impõem restrições ao comércio norte-americano.

A investigação questiona práticas brasileiras em seis frentes:

  • Comércio digital e serviços de pagamento eletrônico: o governo norte-americano avalia que o Brasil possa estar retaliando empresas de tecnologia dos EUA por não censurarem discursos políticos, além de restringir sua atuação no país;
  • Tarifas preferenciais: os EUA alegam que o Brasil concede tarifas mais baixas a alguns parceiros comerciais competitivos globalmente, o que colocaria exportações americanas em desvantagem;
  • Combate à corrupção: há preocupações com a suposta falta de aplicação de medidas anticorrupção e de transparência, o que violaria normas internacionais de combate a subornos;
  • Propriedade intelectual: o Brasil é acusado de não oferecer proteção e aplicação eficazes dos direitos de propriedade intelectual, o que prejudicaria trabalhadores americanos de setores baseados em inovação e criatividade;
  • Mercado de etanol: os EUA afirmam que o Brasil recuou de compromissos de oferecer tratamento praticamente livre de tarifas para o etanol norte-americano, aplicando agora tarifas substancialmente mais altas;
  • Desmatamento ilegal: segundo o USTR, o Brasil estaria falhando na aplicação de leis contra o desmatamento ilegal, o que impactaria negativamente a competitividade de produtores americanos de madeira e produtos agrícolas.

A Seção 301 do Ato de Comércio autoriza o governo norte-americano a investigar e responder a práticas consideradas injustificáveis ou discriminatórias por governos estrangeiros.

Como parte do processo, os EUA solicitaram consultas com o governo brasileiro e marcaram uma audiência pública para 3 de setembro. Interessados em participar devem enviar comentários por escrito e pedidos para falar na audiência até 18 de agosto.

Caso a investigação confirme as alegações, o governo dos EUA poderá adotar medidas de retaliação, como novas tarifas ou restrições comerciais, para proteger seus interesses.

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