Ex-comandante da Marinha e generais do Exército: quem são os indiciados pela PF
Ex-ministros foram apontados como suspeitos de participarem de suposto plano para golpe, além de policiais federais e até um padre
Brasília|Do R7, em Brasília
Nessa quinta-feira, a Polícia Federal indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro e outras 36 pessoas no inquérito que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado após o resultado das eleições presidenciais de 2022. O relatório final da investigação policial foi enviado ao STF (Supremo Tribunal Federal).
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O indiciamento é um ato formal realizado pela autoridade policial durante a investigação e ocorre quando, com base em provas coletadas, os agentes identificam uma pessoa como suspeita. Isso não significa que o delito tenha, de fato, ocorrido. É apenas uma fase do processo.
A lista de indiciados é composta em grande parte por militares das Forças Armadas. Além disso, ex-ministros de Bolsonaro foram apontados pela PF como suspeitos de participarem do suposto plano. Além disso, há policiais federais e até um padre entre os indiciados.
Se forem denunciados pela PGR (Procuradoria-Geral da República), os indiciados responderão pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa.
O R7 tenta contato com a defesa dos indiciados e já recebeu algumas manifestações. Leia a seguir.
Quem são os incidiados?
Ailton Gonçalves Moraes Barros: capitão da reserva e ex-candidato a deputado estadual, é acusado também de intermediar inserção de dados ilegal no cartão de vacinação da Covid-19 para diversas pessoas do governo.
Alexandre Castilho Bitencourt da Silva: comandou o 6° Batalhão de Polícia do Exército até fevereiro de 2022 e teria ajudado a escrever a carta de oficiais da ativa para pressionar o comandante do Exército em 2022, general Marco Antônio Freire Gomes, por um golpe de Estado.
Alexandre Rodrigues Ramagem: deputado federal, delegado da PF e ex-diretor da Abin, alvo da Operação Última Milha, que investiga suposta espionagem ilegal da agência.
Almir Garnier Santos: comandou a Marinha na segunda metade do governo de Bolsonaro e, segundo mensagens de Mauro Cid, teria oferecido apoio a um suposto golpe.
O advogado do almirante Almir Garnier, Demóstenes Torres, disse que “reitera a inocência do investigado, esclarecendo que ainda não teve acesso integral aos autos".
Amauri Feres Saad: advogado e supostamente autor intelectual da minuta golpista.
Anderson Gustavo Torres: ex-ministro da Justiça e Segurança Pública e ex-secretário de Segurança Pública do DF, foi preso por omissão nos atos antidemocráticos do 8 de Janeiro e supostamente teria participado da redação da minuta do golpe. A defesa disse que vai se posicionar apenas após ter acesso ao relatório de indiciamento.
Anderson Lima de Moura: coronel do Exército que pelo menos até 2021 estava no Departamento de Educação e Cultura do Exército. Ele também teria participado de escrever a carta de oficiais pelo golpe.
Angelo Martins Denicoli: major da reserva do Exército e investigado por produzir e divulgar fake news sobre as urnas eletrônicas.
Augusto Heleno Ribeiro Pereira: general da reserva do Exército Brasileiro, ele foi ministro do Gabinete de Segurança Institucional no governo Bolsonaro e teria participado ativamente da suposta trama do golpe de Estado. A defesa dele disse que não vai se manifestar.
Bernardo Romão Corrêa Netto: coronel do Exército, ele teria articulado uma reunião para discutir o golpe em Brasília.
Carlos Cesar Moretzsohn Rocha: dono do Instituto Voto Legal, ele foi contratado pelo PL para desqualificar o sistema eleitoral brasileiro.
Carlos Giovani Delevati Pasini: coronel da reserva, suspeito de escrever carta golpista contra Lula.
Cleverson Ney Magalhães: tenente-coronel do Exército, ele é suspeito de participar da organização de protestos em frente a quartéis.
Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira: general e ex-chefe do Comandante de Operações Terrestres do Exército, ele teria concordado em apoiar a suposta tentativa de golpe de Estado.
Fabrício Moreira de Bastos: tenente-coronel do Exército e supostamente envolvido com a carta de teor golpista dos oficiais.
Filipe Garcia Martins: ex-assessor para Assuntos Internacionais de Jair Bolsonaro e supostamente integrante do grupo que fez a minuta do golpe.
Fernando Cerimedo: marqueteiro e suposto integrantes do “núcleo de desinformação e ataques ao sistema eleitoral”.
Giancarlo Gomes Rodrigues: subtenente do Exército e supostamente um dos responsáveis pela execução das ações clandestinas na Abin.
Guilherme Marques de Almeida: tenente-coronel do Exército e suposto integrante do “núcleo de desinformação e de ataques ao sistema eleitoral”.
Hélio Ferreira Lima: ex-comandante da 3ª Companhia de Forças Especiais de Manaus do Comando Militar da Amazônia e preso durante a operação Contragolpe.
Jair Messias Bolsonaro: ex-presidente da República e supostamente um dos cabeças no que seria a trama de uma eventual tentativa de golpe de Estado. Bolsonaro se pronunciou nas redes sociais sobre o caso. “Não posso esperar nada de uma equipe que usa a criatividade para me denunciar“, escreveu.
“O ministro Alexandre de Moraes conduz todo o inquérito, ajusta depoimentos, prende sem denúncia, faz pesca probatória e tem uma assessoria bastante criativa. Faz tudo o que não diz a lei”, disse o ex-presidente.
José Eduardo de Oliveira e Silva: padre e suposto integrante do “núcleo jurídico“ do esquema de tentativa de golpe. A defesa dele disse que ”a nota da Polícia Federal com a lista de indiciados é mais um abuso realizado pelos responsáveis da investigação e, tendo publicado no site oficial do órgão policial, contamina toda instituição e a torna responsável pela quebra da determinação do ministro".
Laercio Vergilio: general da reserva do Exército, ele disse em depoimento à PF que a prisão de Moraes seria necessária para “a volta da normalidade institucional e a harmonia entre os Poderes”.
Marcelo Bormevet: policial federal suspeito de integrar organização que monitorava ilegalmente autoridades públicas e produzia notícias falsas através de sistemas da Abin.
Marcelo Costa Câmara: coronel do Exército e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.
O advogado Luiz Eduardo Kuntz disse que “embora tal medida [indiciamento] fosse esperada no atual estágio das apurações, a defesa discorda veementemente do indiciamento, pois entende que ele não se sustenta diante da ausência de qualquer elemento concreto que vincule” o cliente dele às condutas investigadas.
Mário Fernandes: general da reserva e ex-número dois da Secretaria-Geral da Presidência no governo Bolsonaro, ele foi preso suspeito de tramar um suposto plano de assassinato de Lula, Alckmin e Moraes.
Mauro Cesar Barbosa Cid: tenente-coronel do Exército, ex-ajudante de ordens do Bolsonaro e peça central em diversas denúncias que vão das joias sauditas à suposta tentativa de golpe.
Nilton Diniz Rodrigues: general do Exército, ele apareceu em algumas mensagens de envolvidos na trama do suposto golpe.
Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho: neto do ex-presidente João Baptista Figueiredo, o blogueiro teria atuado “em suposta operação de propagação de desinformação golpista e antidemocrática”.
Após o indiciamento, publicou nas redes sociais: “Sinto-me honrado. Aguardo ansiosamente os próximos acontecimentos".
Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira: ministro da Defesa no governo Bolsonaro, foi citado pelo hacker Walter Delgatti.
Rafael Martins de Oliveira: tenente-coronel do Exército, suposto integrante de grupo que teria tramado as mortes de Lula, Alckmin e Moraes.
Ronald Ferreira de Araujo Junior: tenente-coronel do Exército, foi um dos alvos da Operação Tempus Veritatis, uma vez que trocou mensagens com Mauro Cid.
Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros: tenente-coronel do Exército que supostamente integrava o “núcleo de desinformação e ataques ao sistema eleitoral”.
Tércio Arnaud Tomaz: ex-assessor de Bolsonaro e considerado um dos pilares do suposto “gabinete do ódio”.
O advogado Luiz Eduardo Kuntz disse que “embora tal medida [indiciamento] fosse esperada no atual estágio das apurações, a defesa discorda veementemente do indiciamento, pois entende que ele não se sustenta diante da ausência de qualquer elemento concreto que vincule” o cliente dele às condutas investigadas.
Valdemar Costa Neto: presidente do PL, foi um dos alvos da Operação Tempus Veritatis, que investiga o suposto plano de tentativa de golpe.
Secretário-geral do PL, o senador Rogério Marinho (PL-RN) disse que o indiciamento de Bolsonaro, Valdemar Costa Neto e dos demais “não só era esperado, como representa sequência ao processo de incessante perseguição política ao espectro político que representam".
“Espera-se que a Procuradoria-Geral da República, ao ser acionada pelo Supremo Tribunal Federal, possa cumprir com serenidade, independência e imparcialidade sua missão institucional, debruçando-se efetivamente sobre provas concretas e afastando-se definitivamente de meras ilações.”
Walter Souza Braga Netto: ex-ministro da Defesa que teria participado de várias conversas sobre o suposto golpe de Estado e recebeu em sua casa integrantes do grupo que teria planejado matar Lula, Alckmin e Moraes.
A defesa de Braga Netto disse que “aguardará o recebimento oficial dos elementos informativos para adotar um posicionamento formal e fundamentado".
Wladimir Matos Soares: agente da Polícia Federal que supostamente participou do plano para matar Lula, Alckmin e Moraes.