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R7 Brasília

Ex-diretora da Americanas se apresenta às autoridades em Portugal

Após essa apresentação, ela embarcou para o Brasil, onde precisará entregar seu passaporte à Polícia Federal

Brasília|Victoria Lacerda, do R7, em Brasília

PF mira a ex-diretora Anna Saicali e ex-funcionários das Lojas Americanas Vinicius Loures/Câmara dos Deputados – 05.09.2023

A ex-diretora da Americanas, Anna Christina Ramos Saicali, investigada por supostas fraudes contábeis de R$ 25,3 bilhões, se apresentou às autoridades portuguesas neste domingo (30), no Aeroporto de Lisboa. Após essa apresentação, ela embarcou para o Brasil, onde precisará entregar seu passaporte à Polícia Federal. A expectativa é de que a executiva desembarque em Guarulhos (SP) no início da manhã de segunda-feira (1º).

O R7 tenta localizar a defesa de Saicali. O espaço permanece aberto para manifestações.

Saicali foi incluída na lista da Interpol após ser considerada foragida. No entanto, ela não será presa preventivamente, conforme decisão do juiz Márcio Muniz Da Silva Carvalho, da 10ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro. A decisão foi tomada na noite de sexta-feira (28), após um pedido da defesa que garantiu o retorno de Saicali ao Brasil. Ela viajará sem a necessidade de algemas.

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A fraude na Americanas está sendo investigada pela Polícia Federal através da Operação Disclosure, iniciada na última quinta-feira (27). A operação investiga Miguel Gutierrez, ex-presidente da companhia, e Saicali, ambos suspeitos de articular o esquema.


Na manhã do último sábado (29), Gutierrez foi solto e está em sua casa em Madri, na Espanha. Ele havia sido preso pela Interpol na sexta-feira (28). Segundo nota divulgada por sua defesa, Gutierrez “compareceu espontaneamente ante as autoridades policiais e jurisdicionais para prestar os esclarecimentos solicitados”. Seus advogados afirmam que ele está no “mesmo endereço comunicado desde 2023 às autoridades, onde sempre esteve à disposição dos diversos órgãos interessados nas investigações em curso”.

As investigações apontam que ex-membros da diretoria da rede venderam R$ 287 milhões em ações antes que fosse anunciado, em janeiro do ano passado, o rombo de R$ 25,3 bilhões no balanço da empresa devido a “inconsistências contábeis”. A descoberta levou ao enquadramento dos ex-executivos por crime de uso de informações privilegiadas, além de outros delitos sob suspeita na Operação Disclosure.


Na última quinta-feira (27), a Polícia Federal deflagrou a ação que investiga supostos crimes contra o mercado financeiro e organização criminosa cometidos por ex-diretores e ex-executivos das Lojas Americanas. Entre os alvos, além de Gutierrez, estão a ex-diretora Anna Saicali e o ex-CEO João Guerra Duarte Neto.

Na ação desta quinta, cerca de 80 policiais federais cumprem dois mandados de prisão preventiva e 15 mandados de busca e apreensão nas residências dos ex-executivos das Americanas, localizadas no Rio de Janeiro. Os crimes investigados são manipulação de mercado e uso de informação privilegiada.


Os mandados foram expedidos pela 10ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro. Segundo a decisão judicial, a PF atribui aos investigados “manobras fraudulentas” destinadas a alterar “os resultados reais da empresa, para receber vantagens indevidas com o pagamento de bônus por metas atingidas”.

Gutierrez se mudou para Madri durante o inquérito que apura a fraude contábil de R$ 25 bilhões na companhia que comandou. Um inquérito interno da Americanas revelou que o ex-executivo foi o mentor do esquema criminoso. Membros da diretoria teriam falsificado contratos publicitários e ocultado empréstimos, de forma a maquiar os balanços da empresa e aumentar os seus próprios bônus.

Assim que o rombo foi descoberto, a varejista se viu obrigada a pedir recuperação judicial, para reestruturar as dívidas com credores. As investigações foram abastecidas pelas delações premiadas dos ex-diretores Marcelo da Silva Nunes e Flávia Pereira Carneiro Mota. Eles contaram que as fraudes se iniciavam com o preparo, pela equipe de relações com investidores, de um arquivo chamado “verdes e vermelhos”, que fazia parte de um “kit de fechamento trimestral”. Nele, constava a expectativa de crescimento por parte de analistas de mercado. Segundo as delações, quando elas não eram atingidas, a diretoria mudava os resultados “para não frustrar as expectativas de mercado”.

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