Fakhoury diz ter bancado materiais pró-Bolsonaro no Nordeste
Calheiros argumentou que não houve declaração do financiamento e o empresário justificou que as impressões eram extraoficiais
Brasília|Bruna Lima, do R7, em Brasília
O empresário Otávio Fakhoury, apontado como financiador de fake news pela cúpula da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, admitiu, em depoimento nesta quinta-feira (30), ter investido em materiais favoráveis ao presidente Jair Bolsonaro no período eleitoral de 2018, mas os valores não foram declarados ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Fakhoury justificou que o financiamento não consta no TSE por não fazer parte da campanha oficial do então candidato. "As pessoas, por livre e espontânea vontade, imprimiam os materiais, saíam às ruas, isso todo mundo viu." Ele disse que os valores investidos foram dirigidos a grupos de apoio ao presidente no Nordeste do país e que "nada têm a ver com a campanha". "Eles me pediram, se eu podia ajudá-los, e assim eu fiz. Cada um imprimiu seu material, nenhum deles é ligado à campanha."
O relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL) detalhou, então, que a Polícia Federal encontrou no computador de Fakhoury notas fiscais emitidas por duas gráficas do Nordeste. "Segundo os documentos, foram impressos 560 mil itens de propaganda eleitoral para Bolsonaro, como panfletos e adesivos com a foto do candidato e a proposta de campanha para a Presidência da República."
Com base nas respostas, Calheiros concluiu que Fakhoury "bancou material de divulgação da campanha do Bolsonaro à Presidência, em 2018, mas sem declarar à Justiça Eleitoral". O empresário seguiu dizendo não ter conflito com o TSE, já que os valores seriam para grupos independentes e não para a campanha oficial de Bolsonaro.
Por diversas vezes, o relator foi interrompido por senadores da base, que alegavam que os questionamentos fugiam do escopo da CPI. "Convenhamos: o foco aqui tem que ser a pandemia. Questões eleitorais, que se investiguem no foro próprio", interviu o senador Marcos Rogério (DEM-RO).
O objetivo das perguntas, segundo Calheiros, era construir um raciocínio mostrando as contribuições do depoente ao presidente Bolsonaro, inclusive no financiamento de fake news, acusação pela qual o empresário está sendo sabatinado.