‘Fazia pagamentos e sobrava um troco’: à CPI do INSS, assessor diz ter ganhado com atuação na Conafer
Cícero Marcelino é investigado pela PF por intermediação de fraudes em aposentadorias
Brasília|Lis Cappi, do R7, em Brasília
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Investigado pela Polícia Federal pelo esquema fraudulento em aposentadorias e pensões do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), o assessor da Conafer (Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais) Cícero Marcelino de Souza Santos afirmou, nesta quinta-feira (16), que fazia uma série de pagamentos de recursos recebidos em contas pessoais e que ficava “com um troco” após as transferências.
“Tinha uma planilha [de pagamentos a serem feitos] que era só de gado, tinha uma planilha que era só de indígena, tinha uma planilha que era das secretarias. É o que vinha para passar, e aí me sobrava um troco. Era realmente isso”, afirmou o assessor, que atua junto à presidência da Conafer.
A declaração de Cícero foi dada à CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) do INSS. Ele foi convocado para prestar depoimento por ser um dos alvos de investigação da PF por suspeita de intermediação no esquema de fraudes. Segundo a comissão, a Conafer teria movimentado R$ 300 milhões dos benefícios de aposentados e pensionistas.
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A reportagem entrou em contato com a Conafer para pedir um posicionamento sobre a declaração de Cícero, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto em caso de retorno.
No depoimento, Cícero afirmou não saber a origem dos valores e que apenas recebia uma lista de pagamentos que precisariam ser direcionados. As transferências eram feitas a partir de contas pessoais.
“[Nas planilhas] vai ter mais de mil nomes [...] mas eu não queria perguntar da onde é, para quem que é, por que mandou R$ 1.000 para um, R$ 2.000 para outro. Eu vinha e eu fazia os pagamentos. É a pura realidade”, disse.
Cícero ainda disse ter aberto empresas a pedido da condução da Conafer. “Foram criadas para prestar serviços, sim. Algumas empresas, que o senhor citou aí, não são minhas, não existem, mas as que eu confirmei, sim. Foram surgindo as necessidades, e eu fui me adaptando”, declarou.
Ao R7, parlamentares que atuam na linha de frente da investigação consideram que os próximos passos dependem da descoberta de quem recebia os valores finais e ficava com os maiores montantes, e que o assessor seria um mero “intermediário”, tendo obtido poucos ganhos com os desvios.
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