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Franceses ‘não apitam em mais nada’, diz Lula ao pressionar acordo com UE para este ano

Presidente comentou o episódio envolvendo o boicote do Carrefour aos produtos brasileiros e saiu em defesa do agronegócio

Brasília|Plínio Aguiar, do R7, em Brasília

Lula diz que franceses não apitam em mais nada Marcelo Camargo/Agência Brasil - 26.11.2024

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva comentou nesta quarta-feira (27) o episódio de boicote que envolveu a empresa francesa Carrefour e as carnes brasileiras. Em agenda, realizada na capital federal, o petista afirmou que quer assinar o acordo entre União Europeia e Mercosul ainda neste ano e destacou que os franceses, principais opositores ao tratado, “não apitam em mais nada”.

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“Eu quero que o agronegócio continue crescendo e causava raiva num deputado francês, que hoje achincalhou os produtos brasileiros. Porque nós vamos fazer o acordo do Mercosul. Nem tanto pela questão do dinheiro, mas porque estou há 22 anos nisso. E se os franceses não quiserem o acordo, eles não apitam em mais nada. Quem apita é a Comissão Europeia e a [presidente] Ursula von der Leyen tem procuração para fazer o acordo. E eu preciso assinar o acordo esse ano ainda, tirar isso da minha pauta”, disse Lula.

Inicialmente, o CEO global do Carrefour, Alexandre Bompard, havia anunciado que o grupo ia parar de exportar carnes dos países do Mercosul, bloco formado por Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela. O anúncio, porém, repercutiu e causou mal-estar entre autoridades brasileiras.

Após a polêmica, a companhia francesa recuou e disse que iria, sim, comprar produtos sul-americanos. O governo afirma que vai se manter vigilante na defesa da imagem do país e da sua produção, em coordenação com o setor privado.


Em nota, o governo Lula diz esperar “que as empresas que anunciaram boicotes a produtos brasileiros revertam essas decisões infundadas e que todos os atores que tenham contribuído para essa campanha de desinformação tenham presentes as consequências negativas de seus atos”. As pastas envolvidas na discussão também ressaltaram a defesa dos produtos brasileiros e da boa relação com a França. A declaração do Carrefour ocorreu em proteção aos produtores franceses.

As declarações foram dadas por Lula durante a abertura do ENAI (Encontro Nacional da Indústria) 2024, em Brasília. O evento, cujo tema é ‘Neoindustrialização e redução do Custo Brasil: uma nova indústria para um futuro sustentável’, é organizado pela CNI (Confederação Nacional da Indústria). “Foi uma das poucas vezes, nos últimos 20 anos, que eu vi o empresário falar da indústria sem precisar atacar o agronegócio”, destacou o presidente na agenda.


“Porque nós não temos que ver o agronegócio como inimigo, é importante que a gente não veja o agronegócio como uma coisa atrasada, é importante que a gente tenha consciência da quantidade de tecnologia que tem num grão de soja, de milho. A quantidade de investimento em genética que tem no frango, na carne de boi, na carne de porco”, acrescentou.

Agenda

Na ocasião, a CNI lançou o Observatório do Custo Brasil, que é o resultado de um conjunto de entraves que oneram o ambiente de negócios no país. Obtido pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços em parceiria com o Movimento Brasil Competitivo, o índice atingiu R$ 1,7 trilhão em 2023, o que representa pouco mais de 20% do PIB (Produto Interno Bruto).


De acordo com a pasta, o observatório vai priorizar seis iniciativas estratégicas de diminuição do Custo Brasil: ampliação e diversificação da matriz logística, acesso ao crédito empresarial, expansão da banda larga, simplificação tributária, abertura do mercado de gás natural e acesso à energia elétrica competitiva. O vice-presidente Geraldo Alckmin e a ministra da Saúde, Nísia Trindade, também participaram do evento.

Juros

Lula aproveitou o momento para voltar a criticar a taxa de juros, atualmente em 11,25% ao ano. “Qual a explicação para a taxa de juros estar do jeito que está hoje?”, questionou o presidente, argumentando que a inflação está controlada e que o país não crescia desde 2010, quando deixou o governo. O petista rebateu os economistas e afirmou que o Brasil vai crescer mais de 3% ao ano.

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