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R7 Brasília

Gasto da Prevent Senior com ‘kit Covid’ subiu mais de 700% em 2020

Planilha enviada à CPI mostra que operadora gastou R$ 5,3 milhões com medicamentos ineficazes contra a Covid-19 na pandemia

Brasília|Sarah Teófilo, do R7, em Brasília

Hospital da Prevent Senior na zona sul de São Paulo
Hospital da Prevent Senior na zona sul de São Paulo

Alvo da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, a operadora Prevent Senior gastou 796,9% a mais entre março e dezembro de 2020, período da pandemia, com medicamentos do chamado "kit Covid" em comparação com todo o ano de 2019. Durante a pandemia, entre março do ano passado e agosto deste ano, a empresa gastou R$ 5,3 milhões com os remédios sem eficiência comprovada contra a Covid-19.

Os dados estão em uma planilha enviada pela empresa a pedido da CPI, com quantidade e gastos relacionados aos medicamentos difosfato de cloroquina, hidroxicloroquina, azitromicina, ivermectina, nitazoxanida, doxiciclina, dexametasona e suplementos vitamínicos D e sulfato de zinco, nos anos de 2016 a 2021. Na análise, a reportagem excluiu a medicação dexametasona quando havia indicação de uso para implante oftálmico.

A Prevent Senior passou a ser um dos focos de apuração da CPI após médicos da operadora fazerem uma série de denúncias, entre elas a de que eram obrigados a receitar "kit Covid" a todo paciente com suspeita ou confirmação da infecção pelo coronavírus.

Outras denúncias apontaram que a empresa teria subnotificado casos e óbitos pela doença, além de ter feito testes com a utilização desses remédios ineficazes contra a Covid-19. Para tal, segundo denúncia, a empresa teria limitado o uso de equipamentos de proteção individual (EPIs) no atendimento dos clientes, chegando a proibir a máscara em algumas situações. A questão teria, também de acordo com denúncia, o propósito de facilitar a disseminação do vírus da Covid-19 no ambiente hospitalar a fim de iniciar um protocolo de testes para tratamento da doença.


Observando os custos de 2020 com os remédios ineficazes contra a Covid-19, 59% dos gastos ocorreram em março e abril, período que coincide com o estudo de cloroquina feito pela operadora em pacientes, entre os dias 26 de março e 4 de abril. Denúncias apuradas pela CPI apontam suspeita de que a Prevent teria ocultado mortes pela doença no estudo. À CPI, Pedro Benedito Batista Júnior, diretor-executivo da Prevent, disse que foi apenas um "estudo observacional" e acusou funcionários de manipular dados.

A advogada dos médicos que fizeram as denúncias, Bruna Morato, afirmou que a empresa atuou junto com médicos do chamado "gabinete paralelo", que assessoravam o presidente Jair Bolsonaro com informações negacionistas no âmbito da pandemia, citando Nise Yamaguchi e Anthony Wong, além do virologista Paolo Zanotto. Segundo a defensora, eles estavam alinhados com os interesses do Ministério da Economia, em um plano de incentivo à cloroquina, que seria uma espécie de "esperança" durante a pandemia, para que as pessoas não deixassem de sair de casa e o país não parasse.


Além disso, de acordo com a advogada, a operadora adotou a disponibilização de medicamentos ineficazes no combate à Covid-19 como uma estratégia de redução de custos. Segundo ela, a empresa preferia entregar o kit a internar pacientes. "Era uma estratégia para redução de custos, uma vez que é muito mais barato para a operadora de saúde disponibilizar determinados medicamentos do que efetivamente fazer a internação daqueles pacientes que usariam aquele conjunto de medicamentos", afirmou.

De acordo com ela, mensagens de texto encaminhadas à CPI "mostram que a Prevent Senior não tinha a quantidade de leitos necessários de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e, por isso, orientava que fosse feito o tratamento precoce".

Em nota enviada ao R7, a Prevent afirmou que “investiu R$ 250 milhões em equipamentos hospitalares e de proteção, medicamentos e pessoal na pandemia” e que “procurou comprar em escala, quanto possível, para se prevenir de novas ondas da pandemia”. Só em respiradores, R$ 20 milhões foram investidos na compra de 200 máquinas a mais. Os investimentos desmontam a tese de que houve preocupação com redução de custos no atendimento aos pacientes de Covid e outras doenças”.

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