General Heleno chama de ‘fantasia’ participação de Cid em reuniões com comando das Forças Armadas
Termo também foi usado para falar de supostos trechos vazados da delação do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro
Brasília|Bruna Lima, do R7, em Brasília
O general da reserva Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) na gestão de Jair Bolsonaro (PL), chamou de “fantasia” uma possível participação do ex-ajudante de ordens Mauro Cid em reuniões entre Bolsonaro e os comandantes das Forças Armadas. Heleno também usou a expressão para falar sobre os supostos trechos vazados da delação de Cid.
“Quero esclarecer que o tenente-coronel Mauro Cid não participava de reuniões. Era o ajudante de ordens do presidente da República. Não existe essa figura do ajudante de ordens sentar em uma reunião dos comandantes das Forças e participar da reunião. Isso é fantasia”, afirmou Heleno durante depoimento à CPMI do 8 de Janeiro, nesta terça-feira (26).
A fala foi dada em resposta à relatora Eliziane Gama (PSD-MA), que questionou o depoente sobre a suposta reunião ocorrida em 24 de novembro, ocasião em que Bolsonaro teria se reunido com os comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica para tratar da possibilidade de intervenção das Forças contra o resultado das eleições. Esse encontro teria sido relatado por Cid em delação premiada, conforme revelações da imprensa.
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Heleno negou participar ou saber da referida reunião e comentou sobre as revelações, enquadrando-as também como “fantasia”. “A mesma coisa é essa delação premiada, ou não premiada, de Mauro Cid. Estão apresentando trechos dessa delação e me estranha muito, pois ela está sigilosa e ninguém sabe o que Cid falou”, disse.
O deputado Rogério Correia (PT-MG) usou o tempo de fala para apresentar uma fotografia mostrando uma reunião entre Bolsonaro, comandantes das Forças Armadas e o general Heleno em que Mauro Cid aparece no mesmo ambiente, apesar de não estar sentado à frente da mesa. “O senhor faltou com a verdade. Quis proteger Jair Bolsonaro como se Mauro Cid não participasse das reuniões e, portanto, não podia fazer delação”, disse o petista, completando que Cid “ouviu tudo aquilo que foi dito”, logo, “as delações servem como testemunha”.
Heleno negou ter mentido, justificando que Cid não sentava à mesa e não participava ativamente das reuniões. “Ele não participa, não tem atuação nenhuma”, disse, admitindo, no entanto, ser “lógico” que o ex-ajudante de ordens conseguia escutar as falas.