‘Golpe já estava em curso’, diz Gonet sobre reuniões de Bolsonaro com Defesa e Forças
Para o PGR, o ex-presidente teria convocado os ministros e militares para apresentar um plano e revolta popular seria uma forma de legitimar o golpe
Brasília|Rafaela Soares e Giovana Cardoso, do R7, em Brasília
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Durante a sustentação oral da PGR (Procuradoria-Geral da República) no julgamento dos réus do “núcleo crucial” no processo que apura a trama golpista, o procurador-geral, Paulo Gonet, afirmou que o “golpe já estava em curso” durante reuniões ministeriais feitas durante o governo Bolsonaro.
“Quando o presidente e o ministro da defesa reúnem os comandantes das forças armadas, que estão sob sua direção, a executar fases finais do golpe, o golpe ele mesmo já está em curso de realização”, disse.
Para Gonet, o ex-presidente não teria convocado os ministros e militares para discutir o golpe, mas, sim, para apresentar um plano, incluindo documentos de formalização do golpe de estado.
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Ainda em seu discurso, o procurador-geral disse entender que todos os envolvidos na trama são responsáveis pelos eventos. Para ele, é possível medir a culpa dos réus, mas, não, a responsabilidade.
“Por isso, todos os personagens do processo, nos quais a tentativa de golpe se desdobrou, são responsáveis pelos eventos que se concatenam entre si. O grau de atuação de cada um no conjunto dos episódios da trama é questão de mensuração da culpa e da pena, mas não afasta a responsabilidade de cada um pelos acontecimentos”, disse.
Revolta popular
Em relação à narrativa da trama golpista, Gonet disse que o plano contava que a revolta popular seria uma forma de legitimar o golpe. Segundo ele, o objetivo era criar um “clima de convulsão social”.
“Houve, nesse sentido, a apresentação do plano de golpe pelo comandante das Forças Armadas, pelo próprio Presidente da República e pelo ministro da Defesa. Da mesma forma, o propósito de criar um clima de convulsão social foi posto em prática pelos insurretos, com o intuito de atrair, especialmente, o Exército para atitudes antidemocráticas”, comentou.
A depredação das sedes dos três Poderes por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro já estaria no painel das ações do grupo. Para o procurador-geral, o apoio e incentivo dos réus aos acampamentos em frente aos quartéis aponta uma “ruptura com a democracia por meio da violência”.
De acordo com Gonet, Bolsonaro e aliados registraram o plano por meio de planilhas, documentos e conversas. Portanto, dessa forma, a tentativa da trama não poderia ser negada.
“Fatos praticados publicamente, planos elaborados, diálogos documentados e bens públicos determinados. Se as defesas tentaram minimizar a contribuição individual na cruzada e buscar interpretações distintas dos fatos, estranhas à realidade cultural, não puderam negar que está materialmente comprovada a sequência de atos destinados a propiciar a ruptura da normalidade do processo sucessório”, disse.
PGR e Bolsonaro
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, apresentou em fevereiro denúncia contra o chamado núcleo 1 — que seria o grupo crucial da trama golpista.
A ação marcou o início do andamento do processo na Primeira Turma do STF, que acolheu a denúncia e deu continuidade ao processo.
Nelas, Gonet pediu a condenação de Bolsonaro e dos aliados dele.
Segundo o chefe da PGR (Procuradoria-Geral da República), “o grupo, liderado por e composto por figuras-chave do governo, das Forças Armadas e de órgãos de inteligência, desenvolveu e implementou plano progressivo e sistemático de ataque às instituições democráticas com a finalidade de prejudicar a alternância legítima de poder nas eleições de 2022 e minar o livre exercício dos demais poderes constitucionais, especialmente do Poder Judiciário”.
Perguntas e Respostas
O que afirmou o procurador-geral Paulo Gonet sobre as reuniões ministeriais durante o governo Bolsonaro?
Paulo Gonet, durante a sustentação oral da PGR no julgamento dos réus do núcleo crucial da trama golpista, afirmou que o “golpe já estava em curso” durante as reuniões ministeriais feitas no governo Bolsonaro. Ele destacou que, ao reunir os comandantes das forças armadas, o presidente estava executando as fases finais do golpe.
Qual era a intenção de Bolsonaro ao convocar ministros e militares, segundo Gonet?
Gonet afirmou que o ex-presidente não convocou os ministros e militares apenas para discutir o golpe, mas sim para apresentar um plano que incluía documentos de formalização do golpe de estado.
Como Gonet vê a responsabilidade dos envolvidos na trama golpista?
O procurador-geral acredita que todos os envolvidos na trama são responsáveis pelos eventos que ocorreram. Ele mencionou que é possível medir a culpa dos réus, mas a responsabilidade é compartilhada entre todos os personagens do processo.
O que foi apresentado por Gonet em fevereiro em relação ao núcleo da trama golpista?
Em fevereiro, Gonet apresentou uma denúncia contra o chamado núcleo 1, que seria o grupo crucial da trama golpista. Essa ação deu início ao andamento do processo na Primeira Turma do STF, que acolheu a denúncia e deu continuidade ao processo.
Qual foi o pedido de Gonet em relação a Bolsonaro e seus aliados?
Gonet pediu a condenação de Bolsonaro e de seus aliados, afirmando que o grupo, composto por figuras-chave do governo, das Forças Armadas e de órgãos de inteligência, desenvolveu um plano sistemático para atacar as instituições democráticas e prejudicar a alternância legítima de poder nas eleições de 2022.
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