Governo do Distrito Federal diz que vai construir cinco UBS este ano e licitar outras seis
Medida vai beneficiar 48 mil pessoas; cobertura atual da atenção básica na capital está entre as três piores do país, com 63,3%
Brasília|Edis Henrique Peres, do R7, em Brasília
A Secretaria de Saúde do Distrito Federal pretende iniciar a construição de cinco Unidades Básicas de Saúde (UBS) no primeiro semestre deste ano. A medida vai beneficiar 48 mil pessoas nas regiões de Brazlândia, Santa Maria, Ponte Alta do Gama e na Estrutural. Atualmente, o DF está entre as três piores unidades da Federação em relação à cobertura da atenção básica, com 63,3% de alcance, seguida por São Paulo (63,4%) e pelo Rio de Janeiro (57,2%). Os dados são de boletim do Instituto de Estudos para Políticas de Saúde.
Em nota ao R7, a pasta disse que pretende licitar, até o fim do ano, a construção de seis unidades básicas nas seguintes regiões: Arniqueira, Vicente Pires, Águas Claras, Riacho Fundo II, Planaltina e São Sebastião.
Professor de Saúde Coletiva da Universidade de Brasília, Éverton Luis Pereira explica que a atenção básica atua como porta de entrada dos pacientes e é essencial para a prevenção e monitoramento de casos.
A atenção básica assume um papel de protagonismo, como prevenção e promoção da saúde, ensinando o autocuidado que ajuda as pessoas a não adoecerem. Por exemplo, doenças crônicas como hipertensão e diabetes são de alta prevalência na população brasileira, e a atenção básica tem o papel de acompanhar esses pacientes, monitorar o avanço e orientá-los. No entanto, ela não só cuida como trata doenças de baixa complexidade.
O especialista declara que a atenção básica tem a importância também de mapear o território e entender os desafios enfrentados em determinadas regiões. "Eu conhecendo a realidade da população, consigo prevenir doenças e elaborar estratégias adequadas de promoção da saúde. Os profissionais que acompanham os pacientes sabem a realidade vivida por eles, os desafios, o que pode ser mudado naquela rotina", explica.
Outro ponto destacado por Pereira é que a atenção básica deve atuar com a intersetorialidade das medidas. "Porque tem questões que não estão sob o domínio da saúde, que devem ser resolvidas pela educação, pela assistência social ou pela segurança pública. E a atenção básica teria também essa tarefa de se articular intersetorialmente, para resolver os problemas de saúde da população que está descrita ao seu território", disse.
Saúde mental
Segundo a Secretaria de Saúde, em fevereiro a pasta deve concluir o projeto arquitetônico dos Centros de Atenção Psicossocial previstos para o Recanto das Emas e o Gama. No fim do ano passado, o R7 levantou com exclusividade que o déficit de psiquiatras nos Caps chega a 1,6 mil horas semanais.
A defasagem alcança 10 das 11 categorias que atuam nas unidades, principalmente, os técnicos administrativos, com déficit de 2,4 mil horas semanais. A categoria é seguida por terapeutas ocupacionais (1,5 mil horas semanais), assistentes sociais (1,4 horas semanais) e psicólogos (1,2 horas semanais).