Governo do DF investiga 13 casos de febre maculosa; outros 3 foram confirmados
42 casos foram descartados pelo governo; doença é monitorada no DF desde 2007, mas primeiras infecções ocorreram só neste ano
Brasília|Giovanna Inoue, do R7, em Brasília
Desde janeiro deste ano, a Secretaria de Saúde do Distrito Federal registrou 58 casos possíveis de febre maculosa, que é transmitida por carrapato. Desse total, 42 foram descartados, 13 seguem em investigação e três foram confirmados. Em 2023, 142 casos foram notificados e todos foram descartados.
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Os três casos confirmados neste ano foram os primeiros no Distrito Federal desde o começo do monitoramento da doença, em 2007. Os dois primeiros foram confirmados na quinta-feira (3) da semana passada, e os pacientes contraíram febre maculosa dentro do DF. Já o terceiro caso é de uma moradora do DF que pegou a doença em Minas Gerais.
Segundo o Ministério da Saúde, 151 casos de febre maculosa foram confirmados em todo o país até 3 de outubro. A região Sudeste teve o maior número de registros, com 89 casos, seguida pela região Sul, com 25. As regiões Nordeste e Centro-Oeste registraram cinco casos cada uma, e a região Norte teve três. Desde o começo do ano, 30 pessoas morreram por causas relacionadas à doença.
O subsecretário de Vigilância em Saúde, Fabiano dos Anjos, afirma que a pasta começou um processo de investigação para determinar os locais de origem das infecções contraídas no DF e qual foi o tipo de bactéria. Ele explica que a febre maculosa pode ser causada por dois tipos diferentes da bactéria Rickettsia, sendo que um deles é mais violento e letal que o outro.
“Faremos a coleta de carrapatos nos locais prováveis de contágio para identificar qual a bactéria que causou a doença e fechar o ciclo de investigação”, detalha. A suspeita é que a contaminação tenha acontecido no Riacho Fundo I e no Lago Norte.
Como a doença é transmitida?
A febre maculosa é transmitida por meio da picada de um carrapato-estrela infectado. O subsecretário diz, contudo, que “nem todos os carrapatos estão infectados com a bactéria”.
Segundo ele, apesar das três confirmações de pessoas infectadas no DF, a situação não é alarmante, e a população pode continuar com a vida normalmente.
Ele destaca, no entanto, que é importante tomar alguns cuidados. Dos Anjos explica que pessoas que frequentam locais de mata para fazer trilhas, ir em cachoeiras ou pescar precisam estar atentos.
“Ao entrar em local de mata que pode ter presença de carrapatos, verifique o seu corpo a cada três horas. Se identificar o carrapato no corpo, faça a remoção. É recomendável utilizar roupas claras e de manga comprida, e de preferência colocar a calça por dentro da meia”, aconselha. Ele recomenda o uso de repelentes específicos para carrapatos.
Em caso de picada, o subsecretário ressalta que não é recomendado que o carrapato seja espremido na pele, pois isso pode acabar espalhando a bactéria dentro da pele. “A recomendação é fazer a retirada com uma pinça, uma remoção mecânica de forma giratória”, detalha.
A febre maculosa
Os principais sintomas da doença são:
- febre;
- dor de cabeça intensa;
- náusea;
- vômitos;
- diarreia;
- dor abdominal;
- dor muscular constante;
- inchaço e vermelhidão nas palmas das mãos e sola dos pés;
- gangrena nos dedos e orelhas; e
- paralisia dos membros que inicia nas pernas e sobe até os pulmões causando parada respiratória.
O tempo de incubação — entre a picada e a manifestação da doença — é de 2 a 14 dias, o que dificulta o diagnóstico. “Às vezes, a pessoa não vai associar que a picada de duas semanas atrás é o que está causando a febre e a dor”, comenta o subsecretário.
O tratamento é feito com antibiótico específico. Em determinados casos, pode ser necessária a internação da pessoa. A medicação é empregada por um período de sete dias, devendo ser mantida por três dias após o término da febre. A falta ou demora no tratamento da doença pode agravar o caso e levar a óbito.
“Assim que o médico suspeita de febre maculosa, o tratamento precisa ser iniciado imediatamente, porque é isso que vai definir uma evolução de melhora, evitando complicações”, diz dos Anjos.