Governo federal suspeita de atividade criminosa em queimadas: ‘situação atípica’
Ministra Marina Silva afirma que incêndios podem ser um segundo Dia do Fogo
Brasília|Giovanna Inoue, do R7, em Brasília e Rafaela Soares, do R7, em Brasília
O Governo Federal investiga as queimadas registradas pelo país, principalmente no estado de São Paulo, e suspeita de atividade criminosa. Em coletiva concedida neste domingo (25), a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, afirma que o padrão “não faz parte da nossa experiência”. “É uma situação atípica. Você começa a ter, em uma semana, praticamente em dois dias, vários municípios queimando ao mesmo tempo”, declara.
LEIA TAMBÉM
A ministra afirma que existe uma “forte suspeita” de que um segundo Dia do Fogo, uma referência a uma ação orquestrada de criminosos que incendiou mais de 470 propriedades rurais em agosto de 2019. “É uma verdadeira guerra contra o fogo e contra a criminalidade”, reforça Marina.
O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, afirma que 31 inquéritos estão abertos no país para apurar incêndios, sendo dois deles no estado de São Paulo. A ministra reforça que em caso de ação criminosa na propagação do fogo, ela “será punida com todo o rigor que a lei nos oferece”.
O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, que participou do encontro, diz que “se tem fogo coordenado, ao mesmo tempo, e de forma atípica, deve ter crime”.
Segundo a ministra, o presidente Lula vai participar da próxima reunião ordinária da sala de situação criada em junho para prevenção e controle de incêndios e secas em todos os biomas, com foco inicial no Pantanal. Neste domingo (25), Lula participou do encontro para discutir os focos de incêndio, que se espalham por todo o país. No entanto, não falou com a imprensa após a reunião. O encontro aconteceu na sede do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), onde está localizado o Prevfogo (Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais).
Além de Lula e Marina, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, participou da reunião. “Se tem fogo coordenado, ao mesmo tempo, e de forma atípica, deve ter crime”, afirmou o ministro. A primeira-dama Janja da Silva, o presidente do Ibama, Rodrigo Antonio de Agostinho Mendonça e o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, também estavam no encontro.
Desde sexta-feira (23), cidades de São Paulo e de Goiás e o Distrito Federal acordaram cobertos com uma espessa camada de fumaça. Em Brasília, visitantes da Torre de TV não conseguiam ver a Esplanada dos Ministérios, localizada logo em frente, por conta da fuligem.
Sobre a situação da capital federal, Marina Silva atribuiu a fumaça a dois fatores: o processo de incêndios no entorno de Brasília e a influência da fumaça de outras regiões. “Equipes técnicas estão fazendo a avaliação para dizer de onde vem a fumaça. Agora, nesse momento, temos fogo na Amazônia, Pantanal, Bolívia em situação de muita penúria”.
Os focos de incêndio têm batido recorde neste ano. A Amazônia, o Pantanal e o Sudeste do país estão com as situações mais críticas. O Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos divulgou imagens que mostram um corredor de monóxido de carbono que se estende do Norte brasileiro até as regiões Sul e Sudeste, passando por Peru, Bolívia e Paraguai.