Guedes tenta barrar desoneração, mas Bolsonaro garante prorrogação
Em reunião nesta quinta, o ministro impôs dificuldades, mas foi vencido por Bolsonaro, que garantiu a prorrogação por dois anos
Brasília|Do R7, em Brasília
Ao discutir a proposta de desoneração com empresários na manhã desta quinta-feira (11) no Palácio do Planalto, o presidente Jair Bolsonaro ignorou posicionamentos do ministro da Economia, Paulo Guedes, que questionava a prorrogação da desoneração da folha de pagamento nos 17 setores que mais empregam no Brasil. Com tom positivo para a continuidade, Bolsonaro garantiu que vai adiar a medida por mais dois anos.
Um dos integrantes da reunião detalhou ao R7 que Paulo Guedes participou do encontro e tentou, em inúmeros momentos, negar o andamento da prorrogação, caso a PEC dos Precatórios não avance no Senado, mas teria sido "cortado" pelo presidente. Em seguida, Bolsonaro disse aos empresários que vai ter, sim, desoneração e pediu que todos fiquem tranquilos. O presidente acertou com representantes do setor produtivo a prorrogação por mais dois anos.
O clima entre Guedes e Bolsonaro foi de discordância na maior parte do tempo da reunião, segundo participantes relataram ao R7.
A prorrogação da desoneração está tramitando na Câmara dos Deputados. A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) da Casa pretende pautar a discussão do projeto para a próxima quarta-feira (17). A informação é do relator da proposta na comissão, deputado Delegado Marcelo Freitas (PSL-MG).
Um levantamento da Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e de Tecnologias Digitais (Brasscom) mostrou que a desoneração da folha rendeu R$ 2,54 bilhões mais do que custou aos cofres públicos em 2020. O governo arrecadou R$ 12,95 bilhões com valores que vieram direta e indiretamente das vagas de trabalho mantidas pelos 17 setores beneficiados com a medida. A renúncia fiscal foi de R$ 10,41 bilhões.
A desoneração da folha de pagamento atinge atualmente os 17 setores que mais empregam no país, entre eles têxtil, de transporte e call centers. Cerca de 6 milhões poderão ser afetados caso o benefício não seja estendido até 2026.