Haddad diz que governo prepara pacote e confirma reunião com secretário do tesouro americano
Ações serão encaminhadas ao Planalto e dependem da aprovação do presidente Lula da Silva para serem implementadas
Brasília|Victoria Lacerda, do R7, em Brasília
RESUMO DA NOTÍCIA
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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quarta-feira (6) que a equipe econômica deve concluir ainda hoje o pacote de medidas para proteger setores afetados pelo tarifaço de 50% imposto pelos Estados Unidos a produtos brasileiros. As ações serão encaminhadas ao Palácio do Planalto e dependem da aprovação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para serem implementadas.
Segundo Haddad, o pacote — com foco em empresas de pequeno porte — deve incluir linhas de crédito com juros subsidiados e outras medidas de apoio financeiro. A implementação será feita por meio de uma Medida Provisória (MP), após a validação do governo federal.
“As medidas saem hoje da Fazenda. Ontem tivemos uma reunião com o presidente para detalhar o plano. O relatório com a lista de empresas ainda está chegando do MDIC [Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços], mas o ato é mais genérico. Só na aplicação da MP é que vamos analisar caso a caso, CNPJ por CNPJ”, afirmou o ministro.
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Negociação com os EUA
Haddad também informou que tem uma reunião marcada para quarta-feira da próxima semana com o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent. O encontro será virtual, mas pode evoluir para uma conversa presencial, dependendo do andamento das negociações.
“Já recebemos o e-mail oficializando o interesse dos americanos. Vai ser uma reunião remota, e pode virar uma reunião de trabalho presencial, dependendo da qualidade da conversa. O objetivo é buscar um entendimento e tentar reabrir o diálogo com os Estados Unidos”, disse o ministro.
Tarifaço em vigor
A tarifa de 50% sobre produtos brasileiros começou a valer nesta quarta-feira (6), conforme determinado por ordem executiva assinada pelo ex-presidente Donald Trump. A Casa Branca justificou a medida afirmando que o Brasil representa uma “ameaça incomum e extraordinária” à segurança nacional e à economia americana — alegação rebatida por autoridades brasileiras.
De acordo com o vice-presidente Geraldo Alckmin, cerca de 35,9% das exportações brasileiras aos EUA serão atingidas pela nova taxa. Ainda assim, uma série de produtos foi excluída do tarifaço, como suco de laranja, aeronaves civis, petróleo, veículos e peças, fertilizantes e produtos energéticos.
Produtos atingidos pela nova tarifa
🔸 Café
Maior exportador global, o Brasil tem nos EUA um de seus principais compradores. Em 2024, os embarques de café somaram quase US$ 2 bilhões, representando 16,7% do total exportado.
🔸 Carne bovina
De acordo com a Abrafrigo, o mercado norte-americano absorveu 16,7% das exportações brasileiras do produto em 2024 — o equivalente a 532 mil toneladas e US$ 1,6 bilhão em receitas. A Minerva projeta queda de até 5% na receita líquida.
🔸 Frutas
O setor frutícola também será afetado. No ano passado, mais de 1 milhão de toneladas foram exportadas.
🔸 Máquinas agrícolas e industriais
O decreto prevê isenções específicas, como peças destinadas à indústria de papel e celulose, além de itens voltados à aviação civil. Máquinas e componentes fora desses segmentos serão taxados integralmente.
🔸 Móveis
Alguns modelos escaparam da taxação, entre eles assentos e estruturas metálicas ou plásticas utilizadas em aeronaves. O restante do setor será atingido pela nova alíquota.
🔸 Têxteis
Não houve uma isenção abrangente. Itens muito específicos, como fio de sisal para enfardamento e materiais aeronáuticos, compõem o grupo excluído.
🔸 Calçados
Todos os calçados brasileiros passaram a estar sujeitos à tarifa de 50%, cenário que tende a agravar a situação de um setor já pressionado pela concorrência global.
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