Haddad nega reduzir IOF sobre câmbio para conter alta do dólar
Ministro da Fazenda argumentou, nesta terça-feira (2), que agenda relacionada aos gastos públicos é “eminentemente fiscal”
Brasília|Plínio Aguiar, do R7, em Brasília
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta terça-feira (2) que a agenda é “eminentemente fiscal” e que neste momento não avalia a possibilidade de reduzir o IOF (Imposto Sobre Operações Financeiras) sobre o câmbio para conter a alta do dólar. Mais cedo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou que o governo federal pode tomar providências em relação à especulação financeira que tem fomentado a subida da moeda norte-americana contra o real.
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“A nossa agenda com o presidente amanhã é exclusivamente uma agenda fiscal. Não sei de onde saiu esse rumor, mas não. Aqui na Fazenda nós estamos trabalhando uma agenda eminentemente fiscal com o presidente para apresentar para ele propostas para o cumprimento do arcabouço em 2024, 2025 e 2026″, disse Haddad.
Questionado sobre eventual solução diante da especulação do dólar, o titular afirmou que o melhor a se fazer é “acertar a comunicação”. “Tanto em relação à autonomia do Banco Central, que o presidente fez hoje de manhã, e em relação ao arcabouço fiscal. Não vejo nada fora disso. A autonomia do Banco Central e rigidez do arcabouço fiscal, é isso que vai tranquilizar as pessoas”, argumentou.
Mais cedo, durante entrevista, Lula criticou a especulação do dólar. “Obviamente que me preocupa essa subida do dólar. É uma especulação. Há um jogo de interesse de especulativo contra o real nesse país. E eu tenho conversado com as pessoas, o que a gente vai fazer, quarta-feira eu vou voltar [para Brasília], tenho reunião, porque não é normal o que está acontecendo”, afirmou o presidente.
Além disso, o chefe do Executivo voltou a dizer que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, tem viés político. “O Banco Central tem uma função que é cuidar da política monetária, de atingir a meta da inflação. Nós acabamos de aprovar a meta contínua de 3% e nós vamos tentar buscar isso. O que não dá é ter alguém dirigindo o Banco Central com viés político. Definitivamente eu acho que ele tem viés político. Mas não posso fazer, ele tem mandato e tenho que esperar terminar o mandato”, completou.
Recentemente, o presidente afirmou que o preço do dólar tem subido devido ao processo de especulação financeira e sugeriu que o Banco Central investigasse a medida. A reportagem procurou a instituição diversas vezes, mas não obteve nenhum retorno. O mandato de Roberto Campos Neto à frente do BC termina em dezembro. Na ocasião, Lula deverá indicar um novo presidente da instituição. Um dos cotados para o cargo é do economista Gabriel Galípolo.