Brasília Ibaneis fala em diminuir salários de servidores em caso de mudanças no Fundo Constitucional

Ibaneis fala em diminuir salários de servidores em caso de mudanças no Fundo Constitucional

Governador do DF participou de reunião com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, para tratar do assunto

  • Brasília | Luiz Calcagno, do R7, em Brasília

Ibaneis e ex-governadores se reuniram com Pacheco

Ibaneis e ex-governadores se reuniram com Pacheco

Felipe Linhares/Leila Brarros - 6.6.2023

O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), afirmou que vai precisar cortar despesas, diminuir o salário de servidores e suspender concursos públicos caso o Congresso mude o cálculo do Fundo Constitucional do Distrito Federal (FCDF). A fala de Ibaneis aconteceu na tarde desta terça-feira (6), após uma reunião com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), para tratar do tema.

"Todos trabalhamos na esperança de que vamos conseguir demonstrar a necessidade da manutenção do FCDF. Caso isso não venha a acontecer, teremos que utilizar os instrumentos básicos, que são corte de despesas, diminuição de salário de servidores e diminuição dos concursos públicos, o que seria trágico para o DF como um todo", disse Ibaneis.

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"Nós estamos fazendo a articulação política — todos os governadores do DF, a bancada federal —, e a intenção é trabalhar pela retirada do artigo 14 do arcabouço fiscal. Fizemos toda a exposição ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e colocamos as posições da necessidade do Fundo Constitucional para a manutenção das forças de segurança, da educação e da saúde da nossa cidade", afirmou o governador.

Ibaneis ressaltou que existe uma "unanimidade dentro das diversidades de partido" que participaram do encontro. Segundo o chefe do Executivo local, o presidente do Senado foi receptivo e compreendeu a importância do fundo. Ele disse ainda que o trabalho será a articulação para retirar o artigo que muda o cálculo do Fundo Constitucional e, se não for possível, trabalhar pelo veto do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O encontro com Pacheco foi articulado pela senadora Leila Barros (PDT-DF) e contou com a presença de deputados e senadores eleitos pelo Distrito Federal. Estavam presentes também os ex-governadores do DF Agnelo Queiroz, Cristóvam Buarque, José Roberto Arruda, Maria de Lourdes Abadia, Paulo Octávio, Rodrigo Rollemberg, Rogério Rosso e Wilson Lima.

O deputado Gilvan Máximo (Republicanos-DF) destacou que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), vai manter as mudanças no projeto feitas pelo Senado, caso senadores decidam retirar o trecho do projeto que altera o cálculo do Fundo Constitucional. "Lira falou que se [o trecho] for rejeitado aqui, ele vai segurar na Câmara”, disse.

Ibaneis e parte da classe política da capital federal têm trabalhado para que o Senado retire do projeto de lei do marco fiscal o trecho que altera a base de cálculo do FCDF, verba do Executivo repassada para custear segurança pública, saúde e educação. As alterações impostas pelo projeto vão tirar R$ 87 bilhões do fundo do DF em dez anos, segundo balanço da Secretaria de Planejamento do DF.

De acordo com o novo marco fiscal, o repasse passará a ser considerado gasto público não excepcional e receberá um reajuste de 2,5% do crescimento real das despesas em relação ao ano anterior, mais a variação acumulada do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação.

Em uma reunião com o presidente Lula, na noite desta segunda-feira (5), o senador Izalci Lucas (PSDB-DF) também abordou o tema. Segundo o parlamentar, o chefe do Executivo federal teria se posicionado a favor do modelo atual de cálculo do fundo e estaria disposto a trabalhar para mudar o texto no Senado ou vetar o trecho, caso aprovado.

R$ 87 bilhões em 10 anos

Um documento da Secretaria de Planejamento do DF mostra que as perdas começariam a partir de 2025. Em 2033, segundo os cálculos atuais, o fundo estaria com R$ 63,4 bilhões. Segundo a regra prevista no arcabouço fiscal, entretanto, o fundo estará com R$ 42 bilhões, ou seja, mais de R$ 11 bilhões de diferença de um cálculo para o outro.

É esse acúmulo, conforme mostra o estudo, que leva o Distrito Federal à perda total de R$ 87 bilhões.

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