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Impasse sobre emendas e arrecadação trava elaboração do Orçamento de 2026

Projeto da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias), que define as regras do Orçamento da União, está atrasado há três meses

Brasília|Do Estadão Conteúdo

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LEIA AQUI O RESUMO DA NOTÍCIA

  • Impasse sobre pagamento de emendas e arrecadação do governo atrasa a LDO de 2026.
  • A votação da LDO foi adiada, enquanto o governo se opõe a imposições que limitam seu caixa.
  • Haddad pede rediscussão do Orçamento e sugere evitar atritos entre Executivo e Legislativo.
  • Possíveis cortes em emendas parlamentares podem ocorrer se a rejeição de medidas não for compensada.

Produzido pela Ri7a - a Inteligência Artificial do R7

Fernando Haddad
Haddad participou de audiência no Senado nesta terça e falou sobre Orçamento Geraldo Magela/Agência Senado - 14.10.2025

O impasse sobre o calendário de pagamento de emendas parlamentares e a arrecadação do governo federal em 2026, período de eleições presidenciais, travou a elaboração das regras do Orçamento do ano que vem no Congresso Nacional.

O projeto da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) define as regras do Orçamento da União e está atrasado há três meses — deveria ter sido aprovado em julho. A votação estava marcada para esta terça-feira (14), na CMO (Comissão Mista de Orçamento) do Congresso, mas foi adiada a pedido do governo.


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O relator da proposta, deputado Gervásio Maia (PSB-PB), incluiu no texto um calendário de pagamento de emendas, impondo ao governo federal o repasse dos principais recursos de interesse dos congressistas — emendas Pix e transferências para fundos de saúde e assistência social — no primeiro semestre do ano que vem, antes das eleições.

O Executivo é contra essa imposição por amarrar o caixa da União e também por colocar no fim da fila os repasses de interesse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como o Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Nos bastidores, esse é o principal impasse entre o governo e os parlamentares na votação da LDO.


MP derrubada

Na semana passada, a Câmara derrubou a medida provisória que aumentava a tributação sobre investimentos e bets e limitava as compensações tributárias.

O governo esperava arrecadar R$ 20,9 bilhões com as mudanças em 2026 e colocou essa receita no Orçamento do ano que vem. Além disso, calculou que a medida geraria R$ 15 bilhões em corte de gastos. Agora, sem a MP, o governo afirma que o Orçamento ficou com um “buraco” e precisará ser reajustado.


O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu, em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, uma rediscussão das medidas para cobrir o rombo deixado pela medida provisória que caiu, incluindo a aprovação de novas receitas.

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Além da MP, o governo previu arrecadar mais R$ 19,8 bilhões no próximo ano se ancorando no projeto de corte de benefícios tributários, que está parado.

Haddad pediu uma definição de como ficará o Orçamento para delimitar, inclusive, o calendário de pagamento de emendas.

“O que eu estou pedindo é o seguinte: vamos definir qual vai ser o tamanho do Orçamento para aprovar a LDO”, disse o ministro, destacando que a definição evitaria atritos entre Executivo e Legislativo no ano que vem.

“Quem vai decidir o tamanho do Orçamento são vocês”, afirmou Haddad aos parlamentares.

Parlamentares defendem corte de gastos

Líderes do Congresso, porém, são resistentes à ideia de aumentar impostos, posição externada pelo presidente da CMO, senador Efraim Filho (União-PB), durante a audiência com Haddad. Segundo ele, o governo deveria cortar gastos, e não buscar novas receitas, para ajustar o Orçamento.

“Me parece que o governo decidiu que quer gastar e, a partir do momento que decidiu que quer gastar, ele quer encontrar receita que seja compatível a isso, e não é essa conta que vai fechar”, disse Efraim, defendendo corte de gastos para compensar a rejeição da MP.

“Quando o Congresso decide derrubar uma medida provisória, você disse: ‘Tá bom, chega, não dá mais para ficar aumentando alíquota e aumentando imposto, eu tenho de fazer equilíbrio pelo lado da despesa’.”

Menos emendas parlamentares

Na discussão, Haddad chamou atenção para a possibilidade de corte em emendas parlamentares em 2026, que devem superar R$ 52 bilhões.

Segundo o ministro, o governo pode ser obrigado a reduzir o valor em mais de R$ 7,5 bilhões se a rejeição da MP não for compensada. O corte vai na contramão do que quer o Congresso, que é impor um pagamento obrigatório de emendas no ano que vem.

Haddad evocou um dispositivo da lei complementar sobre emendas aprovada no ano passado e das decisões do STF (Supremo Tribunal Federal), que diz que as emendas não podem crescer mais do que as demais despesas.

Com base nesse entendimento, o governo vem congelando recursos indicados por deputados e senadores no Orçamento. Com uma arrecadação menor, a necessidade de congelamento aumenta.

“Isso [corte de R$ 7,5 bilhões em emendas] não vai cumprir a lei complementar e menos ainda o cronograma que está na LDO sobre liberação. Temos de rediscutir essa questão para verificar como acomoda a decisão que foi tomada na peça orçamentária”, disse o ministro da Fazenda.

No Orçamento de 2026, o governo incluiu uma autorização para congelar e ainda cancelar emendas definitivamente no ano que vem para cumprir o arcabouço fiscal. A proposta ainda precisa ser votada no Congresso.

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