Incêndios no DF são para aumentar área de grilagem de terras, diz Ibaneis Rocha
Segundo o governador do DF, polícia identificou prática de grilagem entre os envolvidos; oito pessoas já foram presas
Brasília|Edis Henrique Peres, do R7, em Brasília e Kristine Otaviano, RECORD
O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, disse que a suspeita é de que os incêndios que atingem a capital do país são para aumentar áreas de grilagem. A declaração do chefe do Palácio do Buriti foi dada nesta sexta-feira (20) durante inauguração da reconstrução da DF-001 no Pistão Sul, em Taguatinga, e lançamento do programa Vai de Bike. Desde domingo (15), um incêndio atinge o Parque Nacional de Brasília e já destruiu pelo menos dois mil hectares.
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“Eu tenho aqui um acompanhamento que vem sendo feito pela Polícia Civil e a gente nota que existem essas queimadas no DF para expandir as áreas de grilagem no Distrito Federal. Alguns desses incidentes precisam ser realmente apurados. Mas as notícias que nos chegam são de pessoas querendo entrar nessa questão de grilagem de terras”, disse.
Ibaneis acrescentou que as polícias civil e militar vão continuar atuando no combate aos incêndios. “Vamos manter a Polícia Civil ativa. A Polícia Militar, através da coronel Ana Paula (Habka), e a pedido nosso, está fazendo o monitoramento de todos os parques ecológicos do DF para evitar as queimadas nesse período final de seca e para que a gente possa identificar os possíveis criminosos”, disse.
Segundo a Polícia Civil, oito pessoas já foram presas e seis inquéritos estão abertos.
Reunião com o Governo Federal
O governador também comentou a reunião desta quinta-feira (19) dos governadores de diversos estados com o ministro da Casa Civil, Rui Costa, para comentar sobre o cenário de queimadas no Brasil.
“Do meu ponto de vista foi uma reunião boa, onde eles [Governo Federal] apontaram que há o interesse de criar um Sistema Nacional de Proteção do Meio Ambiente, e nós vamos precisar ver quais ações serão realmente tomadas e qual investimento será feito”, disse.
Ibaneis acrescentou que cada estado sofre com um cenário diferente no combate aos incêndios. “Foi uma reunião interessante porque eles ouviram os governadores que estavam presentes e deu para verificar que cada região tem sua particularidade. Temos áreas de florestas fechadas que antigamente não queimaram, mas hoje por conta da seca e baixa umidade vêm queimando. Têm regiões de difícil acesso em Goiás, e regiões de plantação de cana, em São Paulo, por exemplo”, observou.
Ibaneis disse que espera que em 2025 o plano de proteção do meio ambiente que será elaborado pelo governo federal ajude todo o bioma brasileiro. “Porque toda a população sofre com essa questão das queimadas da seca”, pontuou.
Oito pessoas presas no DF
A Polícia Civil do Distrito Federal já prendeu oito pessoas por suspeita de incêndios criminosos em áreas florestais na capital do país. Ao todo, os agentes conduzem seis inquéritos. A última prisão foi na quinta-feira (19) no Núcleo Rural Nova Vitória, em São Sebastião, onde dois homens estavam ateando fogo à vegetação. Os policiais conseguiram impedir que as chamas se espalhassem e os homens foram presos em flagrante. Caso condenados, podem pegar até oito anos de prisão.
O delegado e coordenador da Cepema (Coordenação Especial de Proteção ao Meio Ambiente, à Ordem Urbanística e ao Animal), João Maciel Claro, disse que o objetivo é reprimir os diversos incêndios criminosos do DF. “A Polícia Civil está tratando todos os casos de incêndio como dolo eventual [quando há intenção], pois a pessoa que coloca fogo no período de seca está assumindo o risco de ter um incêndio de grandes proporções”, avalia o delegado.
Equipes do governo do DF também impediram outros três incêndios de começarem no DF.
Servidores do Brasilia Ambiental encontraram um sistema de ignição no Parque Nacional de Brasília; focos iniciais de incêndio no Parque Ecológico Saburo Onoyama, em Taguatinga; e ambiente com vestígios de preparo para fogo no Parque Ecológico Ezechias Heringer, no Guará. Os prováveis autores ainda não foram identificados, mas todas as situações foram desarticuladas.