Indígena e suspeito de financiar 8/1 mentiram em depoimento à CPI, diz Chico Vigilante
Presidente da CPI pediu quebra de sigilo fiscal e vai fazer pedido para investigar depoimento dado por Armando à Polícia Civil do DF
Brasília|Edis Henrique Peres, do R7, Brasília

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos na Câmara Legislativa do DF decidiu quebrar os sigilos fiscal e bancário do indígena José Acácio Serere Xavante, e pedir a abertura de inquérito sobre o comerciante Armando Valentim Settin Lopes de Andrade, suspeito de financiar os atos do 8 de Janeiro. Os dois depuseram ao colegiado nesta quinta-feira (31). Durante a oitiva, Armando negou o próprio depoimento dado à Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) e lido no começo da sessão.
Segundo Andrade, ele estava "com medo", "queria ir embora" e não tinha óculos para ler o que os policiais escreveram. Os parlamentares ressaltaram que é norma da PCDF a leitura dos depoimentos antes da assinatura dos investigados — no entanto, Armando continuou negando a veracidade das informações.
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Valentim foi um dos presos no 8 de Janeiro. O delegado Leonardo de Castro Cardoso, responsável pelas investigações sobre os atentados, depôs à CPI no dia 17 e afirmou que Valentim teria confirmado à Polícia Civil que havia participado dos atos, invadido o STF e o Congresso Nacional e frequentado os acampamentos por 40 dias antes dos atos extremistas. Ele teria participado de reuniões dos organizadores e ganhado a confiança dos líderes.
Enquanto estava no acampamento, o suspeito de financiar os atos extremistas teria ouvido conversas relacionadas à colocação de explosivos ou atear fogo em veículos e prédios públicos em algumas regiões consideradas estratégicas para provocação do caos. Um dos planos seria o de colocar explosivos na Rodoviária do Plano Piloto.
"Eu não disse isso. A gente ficava lá [no acampamento do Quartel-General do Exército] orando e cantando. Eu também não passava o dia todo lá, apenas aparecia alguns minutos e ia embora", disse. Armando ainda alegou que seriam "infiltrados" da esquerda que teriam ido aos acampamentos querendo incitar atos extremistas.
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Presidente da CPI, Chico Vigilante (PT) disse que vai protocolar, ainda nesta tarde, pedido de inquérito sobre o depoimento de Andrade à Polícia Civil. "Ele [Andrade] está jogando a responsabilidade em cima dos delegados", afirmou o distrital. Na avaliação de Chico Vigilante, os dois depoentes da Casa "mentiram" na sessão da CPI.
Relator da comissão, Hermeto (MDB) afirmou que está aprofundando o relatório para verificar "a culpa de cada um [dos envolvidos]". Já distrital Fábio Felix (PSOL) disse que os investigados trataram com "desrespeito" a Câmara Legislativa. "É fácil a pessoa depois reconhecer a seriedade do que fez, negar e dizer que não lembra mais de nada, que não reconhece o depoimento", criticou.
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Quebras de sigilos fiscal e bancário
A CPI também aprovou as quebras dos sigilos fiscal e bancário de Serere Xavante e do empresário Didi Pimenta, também de Campinópolis (MT). A decisão foi tomada depois de o líder indígena negar conhecer Pimenta, embora tenha sido apresentado um vídeo do empresário pedindo Pix para enviar o povo Xavante aos acampamentos de Brasília.

A defesa alegou que muitas pessoas utilizaram o nome do indígena por ele ser uma figura conhecida. Deputados distritais questionaram o fato, já que Serere Xavante e Pimenta são do mesmo município e ambos chegaram a concorrer, em 2020, ao cargo de prefeito da cidade.

























