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R7 Brasília

Jovem pediu socorro a amigo enquanto coronel da PM dirigia até motel; veja o diálogo

Na troca de mensagens pelo telefone, rapaz de 21 anos relatou que o militar tinha posto a arma na cabeça dele e que estava em perigo

Brasília|Rossini Gomes e Jéssica Moura, do R7

Funcionárias do motel foram à delegacia para prestar depoimento sobre o caso
Funcionárias do motel foram à delegacia para prestar depoimento sobre o caso

O jovem de 21 anos que denunciou ter ido a um motel com um coronel da Polícia Militar sob ameaça e ter disparado a arma dele para pedir ajuda, na madrugada do último sábado (9), pediu socorro a um amigo enquanto estava no carro com o militar, que dirigia em alta velocidade pela BR-070 em direção ao estabelecimento. Os relatos estão no inquérito policial ao qual o R7 teve acesso.

Na conversa, às 3h19, um amigo pergunta se o jovem chegou em casa. Ele responde que não e explica que um coronel da PM, armado, o obrigou a entrar no carro dele. O amigo diz que vai chamar a polícia, instante em que a vítima detalha características do carro – um modelo HB20 de cor branca – e reforça: "Chama a polícia".

Um pouco mais adiante, na conversa, às 3h22, o jovem diz que o coronel "tá voltando pra Sandu", em referência à avenida Samdu, em Taguatinga, e que o militar "tá pondo arma na minha cabeça".

Confira o trecho do diálogo abaixo:


Trecho do diálogo entre o jovem e um amigo
Trecho do diálogo entre o jovem e um amigo

O diálogo segue até as 4h23, com o amigo tentando entender o que está acontecendo e fazendo o possível para ajudar, mas a vítima não responde mais às mensagens. Passadas quase cinco horas, às 9h17, o amigo pergunta se a vítima chegou em casa. Três minutos depois, o jovem responde apenas que está preso.

Confira outro trecho do diálogo abaixo:


Entenda o caso

Após os relatos acima, no último sábado (9), o jovem de 21 anos e o coronel Edilson Martins, 44 anos, foram para um motel em Taguatinga. No local, houve disparos com arma de fogo na área da recepção, o que gerou pânico entre os funcionários, que chamaram a polícia.

Ao chegarem ao motel, os militares encontraram o jovem com uma pistola nas mãos, completamente descarregada. Ele foi detido juntamente com o coronel e ambos foram levados para a delegacia. As funcionárias também prestaram depoimento na condição de testemunhas.


Em nota, a Polícia Militar afirmou que "será aberto processo apuratório para esclarecimento das circunstâncias do fato" e que "a corporação não coaduna com nenhum tipo de desvio de conduta de quaisquer de seus integrantes".

Coação

Durante a tarde, os dois foram ouvidos na delegacia de Taguatinga Norte e apresentaram versões conflitantes. Aos agentes, o coronel alega que a relação foi consentida. Já o jovem relatou que foi coagido. Ele contou que estava com um amigo em uma distribuidora de bebidas, em Taguatinga, e foi abordado quando voltava para casa andando.

No trajeto, teria sido interpelado pelo coronel, que estava dentro de um veículo. Segundo o rapaz, o policial militar lhe perguntou se costumava usar drogas, e ele teria respondido que consumia apenas maconha. Diante da resposta, o militar teria lhe oferecido uma carona e dito que compraria o entorpecente para ele.

O jovem confirmou que entrou no carro, e Edilson lhe contou que havia sido agredido: tinha um ferimento no nariz que sangrava. Por isso, ele foi em casa e pegou uma arma para ir atrás do agressor para se vingar e queria que o rapaz o ajudasse. Com isso, passaram a rodar por Ceilândia à procura do indivíduo.

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O rapaz relata que foi ameaçado para que ficasse no veículo, pois o coronel teria apontado a arma para a cabeça dele. Em seguida, ele diz que passou a ser assediado pelo PM, que fez sexo oral nele. Chegando à M Norte, o policial ordenou que o jovem comprasse cocaína e lança-perfume. O entorpecente foi consumido ali mesmo, sobre uma Bíblia que o policial guardava no porta-luvas.

Depois disso, o policial não informou para onde o levaria e passou a dirigir em alta velocidade pela BR-070. O jovem tentou alertar um amigo por mensagem. O PM, então, estacionou em um motel e levou o rapaz para a suíte, onde as investidas teriam continuado. Ele contou que escondeu a arma, que estava na cama, sob o travesseiro e aproveitou um momento de distração para pegar a pistola e as chaves e trancar o coronel dentro do quarto.

Fuga

Em seguida, o rapaz pegou o carro, passou a buzinar, ligou o pisca-alerta e tentou deixar o local. À recepcionista, ele disse que tinha sido sequestrado e tentou chamar sua atenção, para que a polícia fosse acionada. Na fila da saída, havia o carro de um cliente. O jovem bateu no veículo, deu marcha a ré, bateu também em uma coluna do estabelecimento e depois no portão.

Sem conseguir sair, ele usou a arma para disparar contra o muro. Nesse ínterim, os funcionários do motel acionaram a Polícia Militar e informaram que havia um homem armado no local. Quando os PMs chegaram, o garoto se rendeu e passou a arma por debaixo do portão, trancado.

Logo depois, os policiais liberaram o coronel e todos foram levados à delegacia. As quatro cápsulas disparadas e a arma foram recolhidas. O jovem foi preso pelos crimes de dano e disparo de arma de fogo.

Internação

Já o coronel foi autuado por porte ilegal de arma de uso permitido e por estupro. O corregedor da PM foi à delegacia, mas o coronel não ficou preso. Depois de exame no Instituto Médico-Legal, ele disse que estava passando mal. Ferido no nariz, foi internado na UTI de um hospital particular, escoltado.

Versão do coronel

Em seu relato, o coronel afirmou que esteve bebendo em um bar na praça do DI, em Taguatinga, e que quando deixou o local, trafegando pelas ruas de Ceilândia, viu um rapaz bonito e olhou para ele. Sem dizer nada, o homem teria se aproximado e o golpeado no rosto. Por isso ele foi até sua casa, pegou a arma e passou a procurar pelo agressor.

Foi quando teria encontrado o segundo rapaz – o jovem de 21 anos –, que levaria para o motel. O PM diz que perguntou ao jovem se conhecia o agressor, ele teria respondido afirmativamente e logo teria entrado no carro. Ele alega que as carícias teriam começado nesse momento e que eram recíprocas. O coronel disse que o rapaz impôs como condição para avançar com a relação o fornecimento de drogas e confirmou que ambos consumiram os entorpecentes antes de seguir para o motel. Ele nega que tenha ameaçado o rapaz.

Colaborou Josiane Ricardo, da Record TV

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