Brasília Justiça condena Agnelo e Filippelli por desvios na construção do estádio Mané Garrincha

Justiça condena Agnelo e Filippelli por desvios na construção do estádio Mané Garrincha

TJDFT considerou os réus culpados por enriquecimento ilícito nas obras; os dois negam irregularidades

  • Brasília | Luiz Calcagno, do R7, em Brasília

Agnelo Queiroz (PT) em evento quando era governador do Distrito Federal

Agnelo Queiroz (PT) em evento quando era governador do Distrito Federal

Dênio Simões/GDF/Agência Brasília

A Justiça do Distrito Federal condenou o ex-governador Agnelo Queiroz (PT) e o ex-vice-governador Tadeu Filippelli (MDB) por improbidade administrativa. Agnelo e Filippelli foram considerados culpados por dano ao erário e enriquecimento ilícito nas obras do Estádio Nacional Mané Garrincha para a Copa do Mundo no Brasil e terão de pagar R$ 16 milhões em multas cada um. Os dois negam irregularidades. 

De acordo com as acusações do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), a obra foi contratada por R$ 696,6 milhões, mas custou pouco mais de R$ 1,1 bilhão. O serviço contratado chegou a esse valor depois de receber 25 termos aditivos. Agnelo e Filipelli teriam recebido vantagens indevidas com a inclusão de despesas ilícitas à obra.

O MP apontou que o valor final do estádio é 70% superior ao inicial, “tornando o empreendimento o mais caro entre os estádios construídos para aquele mundial de futebol e um dos mais caros do mundo”. Para o MP, Agnelo e Filippelli violaram “princípios e deveres de impessoalidade, lealdade e moralidade administrativa”.

Delação premiada

O caso veio à tona em janeiro de 2016 com a delação premiada de executivos da construtora Andrade Gutierrez que deu origem à Operação Panatenaico, da Polícia Federal, em 2017. Segundo a sentença, a construtora teria acertado a própria escolha para a execução das obras do estádio com a Odebrecht e a OAS.

A Andrade Gutierrez também teria acertado com o próprio Agnelo que outra construtora, a Via Engenharia participaria do negócio. Dividiria com ela os trabalhos de reconstrução do estádio. E também teria ficado à cargo da Via Engenharia fazer os repasses indevidos ao então governador e seu imediato.

No processo, a defesa de Agnelo argumentou que não existem indícios sobre os supostos atos de improbidade administrativa. Os defensores de Filippelli alegaram ausência de comprovação das acusações.

Suspensão dos direitos políticos

Além das multas, o juiz Paulo Afonso Cavichioli Carmona condenou Agnelo e Filippelli à suspensão dos direitos políticos pelo prazo de dez anos, à perda da função pública, caso haja, e à proibição de contratar com o poder público ou de receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente.

Procurado para comentar a sentença, Tadeu Filipelli informou ao R7 que ainda não foi notificado. Agnelo Queiroz não respondeu à reportagem.

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