Justiça decreta prisão de analista do MP suspeito de receber R$ 140 mil de grupo investigado no DF
Servidor do Ministério Público do DF está foragido desde domingo; criminosos lavaram R$ 31 milhões desviados do DFTrans
Brasília|Edis Henrique Peres, do R7, em Brasília
A Justiça do Distrito Federal decretou a prisão do analista do Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) suspeito de passar informações a um grupo criminoso que lavava dinheiro desviado do extinto sistema de bilhetagem do Transporte Urbano do Distrito Federal (DFTrans). O homem segue foragido desde domingo (24). A investigação identificou que o servidor teria recebido R$ 140 mil de propina do grupo para prestar consultoria.
A operação da Polícia Civil aconteceu em 20 de dezembro, com pedido de prisão temporária do servidor. No entanto, na ocasião, o MPDFT se posicionou contrário à medida, pois, segundo nota enviada ao R7, o “promotor do caso entendeu que não havia elementos novos para a prisão do servidor”.
“O MPDFT analisa também administrativamente os fatos relacionados à operação de hoje e não descarta a possibilidade de responsabilização disciplinar”, afirma.
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Outras empresas
Com o cumprimento dos mandados na última semana, a polícia também identificou uma sócia-proprietária de uma empresa de transporte e comércio de alimentos, que havia sido recém-contratada pela Prefeitura de Gurupi, em Tocantins, para prestar serviços de transporte coletivo na cidade. No entanto, a mulher é uma das presas na operação do DF.
O delegado responsável pelo caso, Luiz Fernando Cocito, disse que, com a repercussão negativa do caso, a prefeitura da cidade decidiu, no dia seguinte à prisão da sócia-proprietária, suspender a ordem de serviço de que a empresa tinha sido ganhadora.
O extrato do contrato foi publicado no Diário Oficial, em 15 de dezembro, com valor de R$ 2,1 milhões e vigência de dez anos a contar da data da ordem de serviço.
Entenda
A operação da polícia, nomeada Old West, é um desdobramento de outra investigação já realizada em março de 2018 para apurar condutas de corrupção e desvio milionário de recursos com fraudes no DFTrans.
As apurações levaram a um empresário de Brazlândia, no Distrito Federal, que foi preso temporariamente e estaria envolvido na lavagem de R$ 31 milhões do sistema de bilhetagem do DFTrans. Ao todo, a polícia prendeu nove pessoas suspeitas na semana passada e cumpriu mandados de busca e apreensão em várias localidades da capital do país.
Segundo as investigações, o grupo criminoso atuava em Brazlândia e desviava dinheiro para evitar bloqueios judiciais e aparentar licitude em transações bancárias. O esquema contava com contas poupança em nome dos dois filhos do empresário, um deles com 4 anos, além de empresas e contas em nome de parentes, com laranjas e testas de ferro para impedir a ação da polícia.
Como funcionava
As empresas favorecidas pela corrupção eram colocadas em nome de parentes e funcionários, que serviam de laranja para prestar serviços e receber os valores do Governo do DF e de prefeituras.
Para atrapalhar o rastreamento do dinheiro pela polícia, o grupo transferia imediatamente os valores recebidos nas contas empresariais para as contas dos filhos, dos parentes e de amigos. Em seguida, retirava diariamente os valores para repassar às contas das empresas.
Ao todo, dez pessoas são investigadas por integrar o grupo criminoso, além da atuação de pelo menos 15 laranjas. As operações de transferência e saques de dinheiro eram feitas em uma agência bancária de Brazlândia.