Justiça Federal mantém prisão de empresário acusado de desvios na Codevasf
Polícia Federal afirmou que provas obtidas durante operação comprovam esquema de lavagem de dinheiro
Brasília|Renato Souza e Sarah Teófilo, do R7, em Brasília
A Justiça Federal manteve a prisão do empresário Eduardo Costa Barros, conhecido como Eduardo Imperador, detido durante a Operação Odoacro, da Polícia Federal, no Maranhão. Ele é acusado de lavagem de dinheiro e desvio de recursos públicos que envolvem verbas federais da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), no Maranhão.
A Codevasf é uma empresa pública criada para a realização de obras e outros serviços em estados do Nordeste, do Norte e no Distrito Federal. De acordo com informações obtidas pelo R7 com a PF, os bens apreendidos durante a operação passam por perícia, para que seja determinado o valor dos itens. A prisão de Eduardo foi mantida em audiência de custódia realizada nesta quinta-feira (21). A decisão é do juiz Luiz Régis Bomfim Filho, da 1ª Vara Federal Criminal de São Luís.
Para solicitar a manutenção da prisão, a PF revelou que, durante a operação, foi apreendido R$ 1 milhão em espécie no endereço ligado ao empresário e que o imóvel estava protegido por um homem armado, que seria um policial militar. Eduardo será mantido no Complexo Penitenciário de Pedrinhas, na capital maranhense. Segundo a corporação, outros elementos de prova reforçam a hipótese de lavagem de dinheiro.
De acordo com as investigações, o esquema consiste na criação de empresas de fachada, com o uso de laranjas, para que todas as companhias que participem de licitações da Codevasf sejam ligadas à mesma pessoa. A única empresa que existiria de verdade seria a Construservice, ligada a Eduardo. Ela firmou pelo menos R$ 140 milhões em contratos com a gestão atual do governo federal.
Em nota, a empresa estatal negou que qualquer um de seus integrantes esteja envolvido em atos de corrupção. "Os dois convênios que motivaram as ações de busca e apreensão não são de responsabilidade da Codevasf. Assim, a ação policial foi empreendida não em face da companhia ou de qualquer de seus dirigentes ou empregados — ela foi destinada a apurar eventuais irregularidades em contratos de prefeituras com a empresa Construservice!", destaca o texto.
Já defesa de Eduardo Costa afirmou que a prisão é ilegal e desnecessária, e que tudo que está nos autos do inquérito "é fruto apenas do início da investigação e da visão unilateral da Polícia e do Ministério Público sobre os fatos". Conforme os advogados, o cliente nunca foi notificado para falar ou apresentar documentos.
"A partir de agora, [Eduardo] colabora com a investigação - que corre em segredo de justiça - esperando ter a oportunidade de prestar os devidos esclarecimentos, com os quais demonstrará sua inocência. Inocência, aliás, que deve ser presumida por força de expressa disposição constitucional", ressaltou o defesa.