Brasília Líderes cogitam votar apenas alguns pontos do PL das Fake News para facilitar aprovação na Câmara

Líderes cogitam votar apenas alguns pontos do PL das Fake News para facilitar aprovação na Câmara

Opositores ao texto consideram projeto abrangente e de difícil consenso; divisão deixaria de lado trechos polêmicos

  • Brasília | Hellen Leite, do R7, em Brasília

Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara dos Deputados

Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara dos Deputados

Fátima Meira/Futura Press/Estadão Conteúdo

Diante do impasse sobre o PL das Fake News, líderes dos partidos estudam votar apenas alguns pontos do projeto para facilitar a aprovação na Câmara dos Deputados. A maioria dos representantes partidários optaram por colocar o texto em votação nesta terça-feira (2), e a matéria entrou na pauta da Casa.

Em linhas gerais, o PL 2.630, de 2020, cria a Lei Brasileira de Liberdade, Responsabilidade e Transparência na Internet, com o objetivo de dar um primeiro passo para a regulamentação das redes sociais e dos buscadores de internet. O texto prevê regras de uso, gestão e punição em caso de divulgações falsas.

No entanto, opositores ao texto têm alegado que o relatório do deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) apresentado na última quinta-feira (27), é "abrangente" e "confuso". Isso porque o texto também trata, por exemplo, de direitos autorais e remuneração do conteúdo jornalístico.

A ideia é que apenas as partes mais importantes do projeto sejam votadas, como destaques. Os trechos mais sensíveis e sem consenso ficariam para outro momento. A base governista rejeita essa possibilidade.

"Eu acho que é muito importante fazer a discussão, mas, com um projeto muito amplo, você acaba tendo que fazer ajustes e não consegue um consenso para votar", afirmou o líder do Solidariedade na Câmara, Áureo Ribeiro (RJ), antes de se encontrar com outros líderes partidários em um almoço na casa do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

O deputado considerou um avanço o relatório final ter retirado a criação de uma agência reguladora para as plataformas digitais no país, mas considera que é necessário mais discussão sobre o texto.

A criação de um órgão de fiscalização responsável por punir as empresas que descumprissem a lei era uma das questões mais sensíveis do texto e foi o último detalhe a ser discutido. Por falta de consenso, Orlando Silva decidiu excluir a criação da entidade do parecer final.

Apesar disso, ele afirmou que uma alternativa para garantir a fiscalização das regras sem ferir a liberdade de expressão dos usuários ainda deve ser tema de debates. 

Direitos autorais

A questão dos direitos autorais, que prevê remuneração de conteúdo protegido, como músicas e vídeos, também não é consensual.

Orlando Silva propôs que os serviços de streaming paguem pelos direitos autorais de conteúdo de obras culturais. As regras serão determinadas por regulamentação.

O projeto de lei, porém, prevê que uma regulamentação futura vai abordar “os critérios, forma para aferição dos valores, negociação, resolução de conflitos, transparência e a valorização do conteúdo nacional, regional, local e independente”. 

Governo conta votos e aposta na aprovação

O líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), alegou que o texto foi discutido durante três anos e que é hora de ir para o "tudo ou nada", colocando a matéria em votação. Segundo Guimarães, a votação deve ser apertada, mas o governo tem chances de aprovar o projeto.

"A maioria dos líderes entende que, independentemente da quantidade de votos, o texto tem que ser votado. Depois de tanto trabalho, depois do trabalho que o relator teve, não vamos nos acovardar", afirmou na saída da reunião de líderes, nesta terça-feira (2).

O líder também criticou a campanha do Google contra o PL das Fake News. Ontem, a big tech usou a própria página inicial de buscas para publicar artigos contrários à proposta de regulamentação das plataformas digitais. Segundo Guimarães, a ação é "criminosa".

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