O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesta sexta-feira (14) que a inteligência artificial sirva como uma ferramenta para a paz, e não para a guerra, e voltou a cobrar um projeto de regulamentação sobre o tema que tenha a “cara do Sul-Global”. A declaração foi dada em discurso durante sessão em Puglia, na Itália, da Cúpula do G7, o grupo que reúne as sete maiores economias mundiais.“Interessa-nos uma inteligência artificial segura, transparente e emancipadora. Que respeite os direitos humanos, proteja dados pessoais e promova a integridade da informação. Que potencialize as capacidades dos Estados de adotarem políticas públicas para o meio ambiente e que contribua para a transição energética. Uma inteligência artificial que também tenha a cara do Sul Global, que fortaleça a diversidade cultural e linguística e que desenvolva a economia digital de nossos países. E, sobretudo, uma inteligência artificial como ferramenta para a paz, não para a guerra”, afirmou Lula.Em outra parte do discurso, o presidente brasileiro defendeu a taxação dos super-ricos. “É nesse contexto de combate às desigualdades que se insere a proposta de tributação internacional justa e progressiva que o Brasil defende no G20. Já passou da hora dos super-ricos pagarem sua justa contribuição em impostos. Essa concentração excessiva de poder e renda representa um risco à democracia. Muitos países em desenvolvimento já formularam políticas eficazes para erradicar a fome e a pobreza. Nosso objetivo, no G20, é mobilizar recursos para ampliá-las e adaptá-las a outras realidades.”Lula também abordou os conflitos da Rússia contra a Ucrânia e de Israel contra o grupo terrrorista Hamas. “Em Gaza, vemos o legítimo direito de defesa se transformar em direito de vingança. Estamos diante da violação cotidiana do direito humanitário, que tem vitimado milhares de civis inocentes, sobretudo mulheres e crianças. Isso nos levou a endossar a decisão da África do Sul de acionar a Corte Internacional de Justiça. O Brasil condenou de maneira firme a invasão da Ucrânia pela Rússia. Já está claro que nenhuma das partes conseguirá atingir todos os seus objetivos pela via militar”, disse.O convite para Lula participar da cúpula do G7 partiu da primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni. É a oitava vez que o petista é convidado para participar de um encontro do grupo, criado em 1975. Atualmente, o G7 é composto por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido.Além da presença na cúpula do G7, Lula terá agendas bilaterais com líderes de outros países. Por enquanto, estão confirmadas reuniões com o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.