Lula afirma que invasão da polícia do Equador à Embaixada do México é ‘inaceitável’
Declaração foi feita durante reunião dos países latino-americanos e caribenhos; petista cobrou pedido de desculpas das autoridades equatorianas
Brasília|Plínio Aguiar, do R7, em Brasília
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta terça-feira (16) que é “inaceitável” o episódio de invasão da embaixada do México em Quito, no Equador, . O caso ocorreu durante uma operação policial para prender o ex-vice-presidente equatoriano Jorge Glas, que ganhou asilo político do governo mexicano e estava abrigado na sede diplomática. O incidente ocorreu no início deste mês e provocou o rompimento de relação entre os dois países.
“Medida dessa natureza nunca havia ocorrido, nem nos piores momentos de desunião e desentendimento registrados na América Latina e no Caribe. Nem mesmo nos sombrios tempos das ditaduras militares em nosso continente. O que aconteceu em Quito, no último dia 5, é simplesmente inaceitável e não afeta só o México”, disse Lula.
“Um pedido formal de desculpas por parte do Equador é um primeiro passo na direção correta. Também me parece positiva a proposta da Bolívia de formar uma comissão integrada por países da Celac (Chefes de Estado e de Governo da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos) para acompanhar junto ao governo equatoriano, a evolução da situação e da saúde do ex-vice-presidente Jorge Glas. Portanto, absolutamente nada justifica a cena a que assistimos em Quito”, acrescentou.
As declarações ocorreram durante reunião virtual extraordinária da Celac. O presidente brasileiro argumentou que o desafio das nações, neste momento, é de encontrar caminhos para a reconstrução da confiança e do diálogo. “Precisamos olhar para frente e buscar formas para superar esta crise. Não devemos esperar que venha de fora o encaminhamento desse conflito. Precisamos valorizar nossos próprios meios e instâncias”, afirmou.
Entenda
O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, anunciou que rompeu as relações diplomáticas com o Equador. A medida ocorre depois que a embaixada mexicana, na capital Quito, foi invadida por forças de segurança, comandadas pelo presidente equatoriano, Daniel Noboa. A polícia entrou à força no local, considerado um reduto de um país num território estrangeiro, e levou o ex-vice-presidente equatoriano Jorge Clas.
Clas estava no local como refugiado desde dezembro. Na sexta-feira (5), ele recebeu asilo político da gestão López Obrador. A relação entre os dois países já era ruim porque a embaixadora mexicana em Quito havia sido expulsa por conta de declarações do presidente mexicano. O presidente do Equador, Daniel Noboa, afirmou que não daria o salvo-conduto a Glas, que é suspeito de peculato, para deixar o país após a decisão de Obrador. Há acordos internacionais que refutam a tese de que o asilo político se explique em crimes comuns.