Lula deve manter tom de cobrança em discurso na ONU nesta terça-feira
Presidente criticou organização no domingo; para ele, faltam ‘ambição, coragem e vontade política’, principalmente nas questões climáticas
Brasília|Ana Isabel Mansur e Plínio Aguiar, do R7 em Brasília
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve manter o tom de cobrança à ONU (Organização das Nações Unidas) no discurso de abertura da 79ª Assembleia Geral da entidade nesta terça-feira (24), em Nova York, nos Estados Unidos. Tradicionalmente, o presidente brasileiro é o primeiro chefe de Estado a discursar no evento. A expectativa é de que ele continue a criticar a posição da organização, principalmente no que diz respeito às questões climáticas.
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Às vésperas da 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30) e em meio a uma das maiores seca da história do Brasil, a tendência é de que o presidente reforce a importância das ações em prol do meio ambiente e volte a cobrar financiamento dos países ricos. Lula também deve pedir novamente a reforma dos organismos multilaterais.
Em discurso no domingo (22), na Cúpula do Futuro, Lula afirmou que faltam à ONU “ambição, ousadia, coragem e vontade política” e destacou que as “limitações” de atuação foram “escancaradas” pela mudança do clima. A Cúpula do Futuro, também da ONU, ocorre antes da Assembleia Geral, com a presença de representantes dos 193 países que integram a organização, além da sociedade civil, pesquisadores e setor privado.
“Os níveis atuais de redução de emissões de gases do efeito estufa e financiamento climático são insuficientes para manter o planeta seguro”, criticou Lula, ao defender a discussão climática sob o olhar da justiça social. “Mas, ainda assim, nos faltam ambição e ousadia”, acrescentou.
“A pandemia [da Covid-19], os conflitos na Europa e no Oriente Médio, a corrida armamentista e a mudança do clima escancaram as limitações das instâncias multilaterais. A Assembleia Geral perdeu sua vitalidade. Precisamos de coragem e vontade política para mudar, criando hoje o amanhã que queremos”, completou o brasileiro.
Agendas em Nova York
Também nesta terça, Lula vai promover uma mesa redonda em defesa da democracia. A iniciativa — elaborada em parceria com o presidente espanhol, Pedro Sánchez — vai reunir outros líderes globais para combater o extremismo, a desigualdade e a desinformação. A reportagem apurou que foram convidados 20 países para a mesa pró-democracia, além do presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, e do Secretário-Geral da ONU, António Guterres.
A ideia é que, na reunião, as nações discutam formas de avançar em princípios democráticos e de proteger as instituições. Os governos brasileiro e espanhol vão divulgar, ao fim do encontro, um resumo dos debates, que também deverão abordar o enfrentamento aos discursos de ódio e a promoção do crescimento econômico sustentável e inclusivo.
Nessa segunda-feira (23), Lula se reuniu com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. Entre os pontos abordados, os líderes discutiram a negociação do acordo entre Mercosul e a União Europeia. A agenda contou também com reuniões bilaterais com o chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, e com o primeiro-ministro do Haiti, Garry Conille. O presidente brasileiro participou, ainda, da premiação anual da iniciativa Goalkeepers, organizada pela Fundação Bill e Melinda Gates.