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R7 Brasília

Lula diz que acordo UE-Mercosul não é ‘tudo que a gente quer, mas é tudo que é possível’

Petista afirmou que os benefícios da parceria vão ultrapassar os limites da América Latina e atingir o mundo inteiro

Brasília|Ana Isabel Mansur, do R7, em Brasília

Lula chamou texto de 'moderno e equilibrado' Ricardo Stuckert/Presidência da República - 6.12.2024

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou nesta sexta-feira (6) que o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia foi concluído dentro das possibilidades disponíveis. O tratado, discutido há mais de 20 anos, foi finalizado nesta sexta (6), na 65ª Cúpula dos Chefes de Estados do Mercosul e Estados Associados, em Montevidéu, no Uruguai. O petista também afirmou que os benefícios da parceria vão ultrapassar os limites da América Latina e atingir o mundo inteiro.

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“Um acordo dessa natureza nunca é tudo que a gente quer, mas muitas vezes é tudo que é possível fazer e, às vezes, é mais que aquilo que a gente esperava. Acho que o acordo vai ser frutífero para a América do sul e o comércio do mundo inteiro”, destacou, durante seminário do PT, em Brasília. Lula, que está em São Paulo (SP), participou do evento por videoconferência.

Mais cedo, em Montevidéu, o presidente afirmou que o texto é “moderno e equilibrado”. O petista destacou que as condições da parceria apresentadas pelos europeus antes da conclusão eram “inaceitáveis”. O tratado forma uma das maiores áreas de livre comércio do planeta, com quase 720 milhões de pessoas, 20% da economia global e 31% das exportações mundiais de bens. Com a finalização dos debates, começa a fase do processo de preparação da assinatura.

“Nossas economias juntas representam um PIB de US$ 22 trilhões. O acordo que finalizamos hoje é bem diferente daquele anunciado em 2019. As condições que herdamos eram inaceitáveis. Foi preciso incorporar ao acordo tema de relevância para o Mercosul. Conseguimos preservar nossos interesses em compras governamentais, o que nos permitirá implementar políticas públicas em áreas como saúde, agricultura familiar e ciência e tecnologia”, afirmou no discurso feito no Uruguai.


Na sequência, o líder brasileiro destacou a nova posição do Mercosul no cenário internacional e citou negociações com outras nações, como Singapura e Emirados Árabes Unidos. Lula também defendeu os produtos sul-americanos, o que pode ser lido como uma crítica aos franceses. Recentemente, o grupo Carrefour anunciou a suspensão de compra de carne do Brasil, o que provocou um boicote dos produtores brasileiros à empresa. O movimento fez com que a firma francesa recuasse.

Pontos do acordo

O tratado propõe zerar as tarifas para 91% dos produtos exportados pelo Mercosul para a União Europeia e para 95% das exportações do bloco europeu para os sul-americanos. As mudanças seriam feitas ao longo de um período de transição, de 10 a 15 anos, a depender do setor. Também estão previstas a redução de tarifas alfandegárias e o aumento de exportações, especialmente no setor agrícola, no qual o Mercosul tem vantagens competitivas.


A expectativa é que a parceria gere crescimento econômico, investimentos e ampliação de mercado para os países envolvidos, com destaque para o Brasil. Segundo o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), o acordo pode impulsionar o PIB brasileiro em 0,46% até 2040 — equivalente a US$ 9,3 bilhões. Além disso, traria ganhos em investimentos, com aumento de 1,49% no Brasil, superior aos lucros esperados para a União Europeia (0,12%) e outros países do Mercosul (0,41%).

A conclusão dos debates encerra um processo de negociação que durou cerca de 25 anos. Agora, o acordo entra na fase da assinatura e, segundo o governo brasileiro, o procedimento está avançado, mas não há prazo definido.

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