Lula diz que Brasil é ‘amante da paz e avesso a rivalidades geopolíticas’
País tem tentado se colocar como mediador de conflitos; segundo Lula, Brasil conversa com todos que queiram ‘progresso do mundo’
Brasília|Plínio Aguiar, do R7, em Brasília
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quarta-feira (12) que o Brasil é “amante da paz e avesso a rivalidades geopolíticas”, sem citar conflitos que ocorrem no mundo, como entre Rússia e Ucrânia e o grupo terrorista Hamas e Israel.
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“Em um cenário internacional de tantas incertezas, o Brasil se firma como porto seguro. Somos um país amante da paz e avesso a rivalidades geopolíticas. Dialogamos e negociamos com todos os que possam e queiram contribuir para o progresso do país e do mundo. Em qualquer constelação de poder que se forme no panorama global, a estrela do Brasil continuará brilhando. Estaremos lá para construir pontes e encurtar distâncias”, argumentou Lula.
Em outro momento de seu discurso, Lula reclamou que o mundo gaste quase US$ 3 trilhões em guerras. “Esse dinheiro poderia ser gasto em paz, em investimento, em reduzir miséria, desigualdade e a pobreza no mundo. Eu digo isso porque tenho compromisso de fé, não é um compromisso de mandato.”
As declarações foram dadas durante abertura do Fórum da Iniciativa de Investimento Futuro, realizado no Rio de Janeiro. Participam da agenda o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), além de ministros e demais autoridades nacionais.
Conversa com Putin
Na última segunda-feira (10), Lula conversou por telefone com o presidente da Rússia, Vladimir Putin. Os líderes discutiram a situação da Ucrânia, país invadido em fevereiro de 2022. O chefe russo abordou as posições em relação à conferência pela paz convocada pela Ucrânia, que deve reunir cerca de 90 países no fim desta semana, na Suíça.
O R7 apurou que o Brasil deve enviar a embaixadora na Suíça, Cláudia Buzzi, à reunião. O petista estará na Suíça dois dias antes da cúpula, mas não deve ficar no país para comparecer à conferência.
Lula reforçou a Putin a disposição brasileira em contribuir para uma solução pacífica do conflito. Em 23 de maio, Brasil e China apresentaram proposta conjunta em busca de negociações de paz, com participação de Ucrânia e Rússia. A mesma atitude foi tomada no conflito entre Israel e o grupo terrorista Hamas. O presidente brasileiro defende um cessar-fogo e a retomada das negociações.
Margem Equatorial
No mesmo evento desta quarta, Lula defendeu a exploração de petróleo na margem equatorial do Brasil, apesar das críticas de ambientalistas sobre a medida. “É importante ter em conta que nós, na hora que começar a explorar a chamada margem equatorial, nós vamos ter um salto de qualidade extraordinário. Queremos fazer tudo legal, respeitando o meio ambiente, respeitando tudo, mas não vamos jogar fora nenhuma oportunidade de fazer esse país crescer”, afirmou.
A margem equatorial se estende pelo litoral brasileiro do Rio Grande do Norte ao Amapá, englobando as bacias hidrográficas da foz do Rio Amazonas, Pará-Maranhão, Barreirinhas, Ceará e Potiguar. É uma região geográfica considerada de grande potencial pelo setor de óleo e gás. A Petrobras, em seu plano estratégico 2024-2028, previu investimentos de US$ 3,1 bilhões para pesquisas na localidade, com expectativa de perfurar 16 poços ao longo desses quatro anos.
Economia
Lula afirmou, também, que o Brasil se prepara para ser a oitava maior economia do mundo neste ano e que, até o final do mandato dele, em 2026, o país pode voltar a ser a sexta principal economia mundial.
“Contrariando as expectativas pessimistas, nosso PIB cresceu 2,5% nos últimos 12 meses. Caminhamos para ser a oitava maior economia do mundo neste ano. Até o final do mandato, podemos voltar a ser a sexta economia mundial, como fomos em 2011. Nossa balança comercial bateu recorde em 2023, com o maior saldo da história”, destacou Lula.