Brasil pode ter balança comercial de US$ 1 trilhão em 2030, diz Lula
Valor é quase o dobro dos US$ 575 bilhões previstos para 2023; presidente fez declaração durante reunião na Arábia Saudita
Brasília|Luiz Fara Monteiro, enviado especial da Record à Arábia Saudita, e Lucas Nanini, do R7, em Brasília
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quarta-feira (29) que o Brasil pode sonhar com uma balança comercial de US$ 1 trilhão anuais em 2030. O valor é pouco menor do que o dobro dos US$ 575 bilhões previstos para 2023. A declaração foi concedida durante sessão de encerramento da “Mesa-redonda Brasil-Arábia Saudita”, que busca estreitar as relações comerciais entre os dois países. O encontro aconteceu em Riad, a capital econômica da nação do Oriente Médio.
“Eu acho que, se o Brasil assumir a responsabilidade pelo tamanho que tem, e pela importância que tem na geopolítica, eu queria dizer aos ministros e aos empresários daqui, a gente pode sonhar, em 2030, ter uma balança comercial de US$ 1 trilhão. Quem pode dizer que não é verdade? Somos nós, de acordo com a nossa capacidade de trabalho”, disse o presidente.
De acordo com a Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Secex/MDIC), a estimativa para 2023 é de uma balança comercial de US$ 575 bilhões, com exportação de US$ 334 bilhões e importação de US$ 241 bilhões — saldo de US$ 93 bilhões. O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil foi de R$ 9,9 trilhões em 2022 (cerca de US$ 2,02 trilhões), segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
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“Eu queria dizer para vocês, a gente só faz as coisas se acreditar. E a gente não pode sonhar pequeno, porque quem sonha pequeno realiza pequeno. Nós temos que sonhar grande para realizar as políticas grandes do tamanho da Arábia Saudita e do tamanho do Brasil”, afirmou Lula.
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Energia limpa e renovável
Lula declarou que o Brasil quer estabelecer parcerias com a Arábia Saudita para o desenvolvimento de energia limpa e renovável. Ele também propôs que os países atuem em conjunto para investir na produção de fertilizantes, como alternativa ao mercado mundial durante o conflito entre a Rússia, um dos maiores produtores do insumo, e a Ucrânia.
O presidente afirmou que quer o apoio dos sauditas durante a reunião do G20 em 2024. Lula disse que o Brasil vai discutir a questão do clima “com muita força” durante o encontro. “Porque no Brasil nós estamos levando muito a sério essa questão da energia renovável, e vocês sabem que nossa energia elétrica é quase 90% renovável, e o potencial do Brasil em outras energias é muito grande. Nós queremos construir essa parceria com vocês, que sejam sócios do Brasil no desenvolvimento dessa nova matriz energética, que o mundo precisa, que o mundo sonha e que nós podemos oferecer.”
Ele também defendeu que empresários árabes e brasileiros estabeleçam uma relação mais próxima para gerar desenvolvimento em ambos os países e aumentar os valores em negócios, que hoje giram na casa de US$ 8 bilhões, segundo o presidente. O petista ressaltou que o Brasil tem uma boa base intelectual, científica e tecnológica, um sistema financeiro sólido e empresas de ponta no mercado.
“Por exemplo, a gente poderia fazer investimentos cruzados entre a nossa Petrobras e empresas da Arábia Saudita para produzir fertilizante e dar uma garantia ao mundo, com a incerteza criada com a guerra da Rússia na Ucrânia. Nós estamos falando em crescimento econômico e desenvolvimento quando uma parte do mundo fala em guerra."
Lula no Oriente Médio
O presidente da República chegou a Riad nesta terça (28). A primeira agente oficial foi uma reunião com o príncipe herdeiro e primeiro-ministro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman. Em pauta, “investimentos sauditas no Brasil em diversos setores e sobre o potencial de exportações brasileiras", conforme escreveu o Lula em uma rede social.
A principal agenda é a participação na 28ª Conferência de Mudanças Climáticas (COP 28), da Organização das Nações Unidas (ONU), que acontece nos Emirados Árabes. Depois da Arábia Saudita, Lula segue para Doha, no Catar. O presidente terá agendas com as realezas locais e empresários.
Depois da COP 28, Lula vai para a Alemanha, "com chegada prevista no dia 2 ou 3 de dezembro, para se reunir com representantes do governo local" e tratar de temas de interesse dos dois países, de acordo com o Executivo.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, declarou que o papel do Brasil durante a COP será protagonizar a transição energética justa e inclusiva. “Queremos defender que ela seja obrigatória [...] para que nós possamos proteger o planeta. No caso do Brasil, especialmente, gerar oportunidades de emprego e renda, combater desigualdade e fazer inclusão social, que é o grande objetivo do governo do presidente Lula", afirmou.
Silveira faz parte da comitiva do presidente na viagem ao Oriente Médio e à Alemanha. Também fazem parte do grupo os ministros Rui Costa (Casa Civil), Fernando Haddad (Fazenda), Carlos Fávaro (Agricultura) e Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos), o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e convidados.