Lula diz que eliminou fome do Brasil em 2010, mas deixou 11,2 milhões sem comida
Presidente da República erra ao dizer que país não tinha mais fome no fim do segundo mandato dele, em 2010
Brasília|Augusto Fernandes, do R7, em Brasília
O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), disse nesta quarta-feira (25) que ninguém passava fome no Brasil no fim do segundo mandato dele, em 2010. No entanto, números oficiais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) desmentem a afirmação do chefe do Executivo, pois ao menos 11,2 milhões de brasileiros não tinham o que comer à época.
"O Brasil não tinha mais fome quando deixei a Presidência e hoje tem 33 milhões de pessoas passando fome", disse Lula durante visita nesta manhã ao presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, em Montevidéu.
"Significa que quase tudo o que nós fizemos de benefício social no meu país, em 13 anos de governo, foi destruído em seis anos. Ou melhor, em sete anos. Três do golpista Michel Temer e quatro do governo Bolsonaro", completou, criticando os presidentes que sucederam as gestões do PT.
Contudo, de acordo com um levantamento sobre segurança alimentar feito pelo IBGE em 2010, pelo menos 11,2 milhões de pessoas no país passavam fome ou corriam o risco de ficar sem se alimentar por falta de dinheiro. A estatística do instituto levou em consideração os dados da população brasileira em 2009.
Além dos que passavam fome, o IBGE constatou que aproximadamente 65,5 milhões de brasileiros tinham alguma dificuldade para se alimentar. Segundo o instituto, 40,1 milhões viviam em situação de insegurança alimentar leve (quando há incerteza quanto ao acesso a alimentos em um futuro próximo e/ou quando a qualidade da alimentação já está comprometida).
Outros 14,3 milhões passavam por situação de insegurança alimentar moderada (quando a quantidade de alimentos é insuficiente). Os 11,2 milhões restantes lidavam com uma situação de insegurança alimentar grave (quando há privação no consumo de alimentos e fome).
Procurada pelo R7, a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República ainda não se manifestou.