O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve enviar nesta semana ao Congresso Nacional a proposta que amplia a isenção do Imposto de Renda a quem recebe até R$ 5.000 por mês. A expectativa é que o texto seja encaminhado ao Legislativo na terça-feira (18). No sábado (22), o petista embarca para o Japão, onde fica até a quinta-feira (27) da próxima semana. De lá, Lula segue para o Vietnã. O objetivo da viagem para a Ásia é estreitar parcerias comerciais e aproximar laços políticos e culturais. Será a primeira vez de um líder estrangeiro em visita oficial ao Japão em seis anos (leia mais abaixo).A data de envio da proposta de isenção do IR foi informada pelo próprio presidente, na sexta (14), em evento de entrega de ambulâncias do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), em Sorocaba (SP). “Agora nós vamos anunciar dia 18 [que] quem ganha até R$ 5.000 não pagará mais Imposto de Renda neste país”, declarou.A proposta foi prometida por Lula durante a campanha presidencial e é uma das principais bandeiras do petista neste mandato. A iniciativa foi oficialmente apresentada em novembro do ano passando, pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.O Executivo tem afirmado que, para bancar a isenção do IR a quem ganha até R$ 5.000, será criado um imposto de até 10% para aqueles que recebem mais de R$ 50 mil por mês.A ideia inicial é apresentar os temas em conjunto, para que um compense o outro na questão arrecadatória. Há, inclusive, um acordo entre os Poderes Legislativo e Executivo para os projetos serem apreciados na condição de neutralidade, ou seja, sem perda ou ganho de arrecadação.No Japão, Lula vai se reunir com o imperador Naruhito, a imperatriz Masako e o primeiro-ministro Shigeru Ishiba. Em 2025, Brasil e Japão celebram 130 anos de relações diplomáticas, e a comemoração tem sido chamada de “Ano do Intercâmbio e da Amizade Brasil-Japão”.Além disso, haverá um fórum empresarial, com cerca de 500 participantes, organizado pelo MRE (Ministério das Relações Exteriores) e pela CNI (Confederação Nacional da Indústria). A expectativa é que o evento reúna integrantes dos setores de alimentos, agronegócio, aeroespacial, bebidas, energia, logística e siderurgia.Há, ainda, previsão de assinatura de atos em áreas como ciência e tecnologia, combustível sustentável, educação, pesca, recuperação de pastagens. As parcerias serão fechadas tanto no setor público como na iniciativa privada.Segundo o embaixador Eduardo Saboia, secretário de Ásia e Pacífico do Ministério das Relações Exteriores, o objetivo da visita é impulsionar setores prioritários e pavimentar novos caminhos. “Uma das nossas expectativas é a abertura do mercado japonês para produtos brasileiros, especialmente carne bovina e suína in natura”, destacou.O embaixador afirmou que há expectativa de avançar na discussão das relações entre Mercosul e Japão. “Além disso, estamos abertos às questões relacionadas à atração de investimentos. Existe uma complementaridade entre as economias, existem grandes oportunidades para investidores japoneses, que já conhecem o Brasil, para ampliar as parcerias público-privadas”, acrescentou.Na última quarta (12), o embaixador do Japão no Brasil, Teiji Hayashi, comentou a visita de Lula ao país. “É uma visita oficial de primeira categoria. Essa primeira categoria é uma ocasião muito especial, porque, no caso do Japão, somente um chefe de Estado estrangeiro é recebido anualmente como visita oficial de primeira categoria. Durante seis anos, durante a pandemia da Covid, essa visita de primeira categoria foi suspensa. E, para retomar, escolhemos o presidente brasileiro. Isso representa como é importante as relações com o Brasil para o governo japonês e também para o povo japonês”, explicou.O embaixador japonês reforçou o fortalecimento das relações econômicas durante a visita. “O Brasil é um dos mercados prioritários para os japoneses. Através dessa visita do presidente Lula, que será acompanhada de empresas brasileiras, espero uma maior parceria empresarial entre Brasil e Japão”, completou Hayashi.Lula foi ao país asiático em maio de 2023, para a cúpula estendida do G7. O Brasil tem a maior comunidade nipodescendente fora do Japão — são cerca de 2 milhões de pessoas. Segundo o MRE (Ministério das Relações Exteriores), aproximadamente 211 mil brasileiros vivem na nação — o quinto maior grupo nacional fora do Brasil.Na segunda parte da viagem, o objetivo do brasileiro é estreitar a parceria estratégica, o diálogo político e a cooperação econômica com o Vietnã. O país é a segunda nação do Sudeste Asiático a se tornar parceira estratégica do Brasil. O acordo foi fechado em novembro de 2024, quando Lula e o primeiro-ministro do Vietnã, Pham Minh Chin, se reuniram no rio de Janeiro (RJ), à margem da Cúpula do G20.Com a visita, devem ser definidas as iniciativas conjuntas para implementar a parceria, que vai permitir ampliar o diálogo político, intensificar o fluxo de comércio e os investimentos, fortalecer a agenda multilateral, reforçar a cooperação econômica e impulsionar novas parcerias.No ano passado, o Vietnã foi o quinto destino internacional das exportações do agronegócio brasileiro. O fluxo comercial entre os dois países ficou em US$7,7 bilhões, com resultado lucrativo para o Brasil em US$ 415 milhões.