O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chamou nesta terça-feira (20) parlamentares e prefeitos a resolverem problemas em “mesa de negociação e não no Judiciário”. A declaração foi dada na abertura da Marcha dos Prefeitos, em Brasília (DF).“Gostaria de fazer um apelo aos deputados, senadores e prefeitos, que a gente aprenda de uma vez por todas que os problemas que nós temos deveriam ser resolvidos em uma mesa de negociação e não no Poder Judiciário. É importante que a gente tenha claro que as coisas só podem ir para o Poder Judiciário quando a nossa capacidade política foi exaurida”, disse. Sem citar o embate das emendas parlamentares, Lula disse que nem sempre as soluções “emanadas de cima para baixo resultam em uma coisa que pode favorecer os governos estaduais e municipais”.Esta é a 26ª edição do evento, organizado pela CNM (Confederação Nacional de Municípios) e que reúne, tradicionalmente, prefeitos, vereadores, secretários e demais gestores municipais. Com estimativa de rombo de R$ 540 bilhões nas contas públicas das cidades, as autoridades vêm à capital federal defender a renegociação de dívidas dos municípios e buscar novos investimentos.Os presidentes do Senado e da Câmara, Davi Alcolumbre (União-AP) e Hugo Motta (Republicanos-PB), respectivamente, também confirmaram presença na abertura do encontro, que pretende debater, ainda, temas como segurança pública, saúde e educação. Além deles, ministros de Lula e parlamentares federais também participaram do evento.A principal demanda política da edição deste ano é a renegociação de dívidas de municípios com a União. Prefeitos defendem a proposta para ampliar o prazo de quitação de débitos com a previdência para 25 anos, indicado na PEC (proposta de emenda à Constituição) 66, que está em análise no Congresso Nacional.“Dá um impacto de quase R$ 700 bilhões, porque envolve precatórios, dívidas do regime geral, fundos agora flexibilizados”, afirma o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski.Segundo ele, o grupo buscará negociações para a proposta nos próximos dias, em conversas com parlamentares e integrantes do governo Lula. A demanda é prioritária para o ano e poderá trazer prefeitos novamente a Brasília, caso seja necessário.Outro destaque da edição deste ano é a formação do Comitê Gestor do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços), criado na reforma tributária. Municípios defendem que haja uma eleição para composição do grupo que vai definir regras para o novo imposto.Em outras frentes, prefeitos defendem a criação de um fundo com recursos que vão além de emendas parlamentares, além de uma garantia de valores para cidades que não sejam beneficiadas com o envio de recursos por deputados e senadores.O prejuízo de R$ 540 bilhões nos cofres dos municípios calculado pela CNM considera valores retroativos ainda não compensados a cidades e a estimativa de perdas em 2025.Os valores consideram gastos de municípios que não foram atualizados pelo governo, como a compensação de pisos salariais e atendimentos sociais relacionados ao Bolsa Família.“O resultado desse cenário se vê no déficit primário dos municípios, que aumentou de R$ 17 bilhões em 2023 para R$ 33 bilhões em 2024. A CNM analisa que a crescente rigidez orçamentária, impulsionada por vinculações legais e constitucionais, contribui significativamente para essa deterioração fiscal”, diz trecho de nota divulgada pela confederação.Fique por dentro das principais notícias do dia no Brasil e no mundo. Siga o canal do R7, o portal de notícias da Record, no WhatsApp