Lula participa de encontro dos países da América Latina e Caribe com a União Europeia nesta terça
Cúpula discute, entre outros assuntos, mudança do clima, sustentabilidade, inclusão social, transição energética e migrações
Brasília|Plínio Aguiar, do R7 em Brasília
Em sua nona viagem internacional neste ano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participa, na tarde desta terça-feira (18), da plenária da cúpula entre a Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e a União Europeia, em Bruxelas, na Bélgica.
Antes disso, pela manhã, o petista se reúne com líderes progressistas para um café da manhã. Entre os países que devem participar do encontro estão Espanha, Dinamarca, Alemanha, Argentina, Chile, Colômbia, Portugal e República Dominicana.
A abertura da cúpula da Celac-União Europeia ocorreu nesta segunda-feira (17) e discute temas relacionados à mudança do clima, comércio e desenvolvimento sustentável, inclusão social, recuperação econômica pós-pandemia, transição energética, transformação digital justa e inclusiva, migrações, entre outros assuntos.
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"Em 2009, os países ricos se comprometeram a destinar 100 bilhões de dólares ao ano para os países em desenvolvimento, como forma de compensação pelo mal que causaram ao planeta desde a revolução industrial. Esse compromisso nunca foi cumprido. Como se não bastasse, a guerra no coração da Europa veio para aumentar a fome e a desigualdade, ao mesmo tempo que elevou os gastos militares globais. Apenas em 2022, em vez de matar a fome de milhões de seres humanos, o mundo gastou 2,24 trilhões de dólares para alimentar a máquina de guerra, que só causa mortes, destruição e ainda mais fome", disse Lula na abertura do evento.
Foram convidados todos os 33 presidentes de países da América Latina e do Caribe e os 27 líderes europeus, totalizando 60 nações. Os líderes dos dois continentes não se reuniam desde 2015. O retorno à Celac foi o primeiro ato de política externa de Lula desde que assumiu o terceiro mandato. A medida foi comunicada aos demais países do bloco em janeiro deste ano. O Brasil tinha saído desse fórum em 2019, na gestão de Jair Bolsonaro (PL).
"A participação de Lula dá-se no contexto da renovação do compromisso do Brasil com o fortalecimento da integração regional e da Celac. O Brasil retornou ao mecanismo de diálogo político, concertação e cooperação entre os países da América Latina e do Caribe em janeiro passado, após um período de quase três anos em que se manteve afastado de suas atividades", diz o Itamaraty em comunicado.
Às margens da cúpula, Lula vai se encontrar de forma bilateral com o primeiro-ministro do Reino da Suécia, Ulf Kristersson e com o chanceler da Áustria, Karl Nehammer. A agenda do presidente brasileiro se estende ainda para reuniões com a primeira-ministra da Dinamarca, Mette Frederiksen, e com o chanceler da Alemanha, Olaf Scholz.
Acordo Mercosul-União Europeia
Lula afirmou ainda na última segunda-feira (17), em reunião do fórum empresarial União Europeia (UE)-América Latina, que o Brasil pretende concluir um acordo "equilibrado" entre os europeus e o Mercosul ainda neste ano.
"A defesa de valores ambientais%2C que todos compartilhamos%2C não pode ser desculpa para o protecionismo. O poder de compra do Estado é uma ferramenta essencial para os investimentos em saúde%2C educação e inovação. Sua manutenção é condição para a industrialização verde que queremos implementar."
Lula ainda cobrou dos europeus a promessa feita pelos países ricos, em 2009, de aportarem US$ 100 bilhões anuais para a proteção da Amazônia e disse ser preciso resgatar uma indústria que seja intensiva em tecnologia e voltada à sustentabilidade como grande motor da geração de empregos de qualidade.
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Antes do discurso de Lula, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse que tem a intenção de concluir o pacto "o mais rápido possível". O primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, que recentemente assumiu a presidência temporária do Conselho Europeu, declarou que um de seus principais objetivos é tentar concluir o acordo comercial ainda no segundo semestre de 2023.
Negociado desde 1999, o acordo está em fase de revisão, mas há entraves na preservação ambiental e sobre compras governamentais. Recentemente, os europeus propuseram um documento adicional – chamado de side letter –, que impõe sanções em caso de descumprimento, mas só para o lado sul-americano.
Os países da Europa também querem a garantia de que a intensificação do comércio entre os blocos não vá resultar no aumento da destruição ambiental no Brasil e nas demais nações do Mercosul – Argentina, Paraguai e Uruguai. Em contrapartida, o lado brasileiro é a favor de que não haja distinção na aplicação de eventuais sanções, ou seja, que ambos os lados sejam penalizados da mesma forma em caso de descumprimento.