Presidente Lula em entrevista coletiva, em Londres
Ricardo Stuckert/PR - 14/04/2023O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a atacar neste sábado (6) o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e a política de juros da instituição, que manteve a Selic em 13,75%. Segundo o petista, Campos Neto "não tem compromisso com o Brasil", mas sim com o governo anterior, em referência à gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro, "que o indicou".
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"Os trabalhadores não suportam mais a taxa de juros. O [Henrique] Meirelles tinha mais responsabilidade. Esse cidadão [Campos Neto] não tem nenhum compromisso comigo. Ele tem compromisso com quem? Com o Brasil? Não tem. Ele tem compromisso com aqueles que gostam de juros altos. Não há outra explicação", afirmou o presidente durante coletiva de imprensa em Londres, na Inglaterra.
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Na entrevista, Lula disse que não "bate" no Banco Central como instituição, mas na política de juros, porque "não concorda". O petista criticou ainda afirmações recentes de Campos Neto, de que, para o país atingir a meta de inflação de 3%, teria que elevar os juros acima de 20%.
"Está louco? Esse cidadão não pode estar falando a verdade. Então, se eu, como presidente, não puder reclamar dos equívocos do presidente do Banco Central, quem vai reclamar? O presidente americano? Me desculpem, o Banco Central tem autonomia, mas não é intocável", disse.
Lula viajou para o Reino Unido em razão da coroação do rei Charles 3°. O presidente retorna ao Brasil ainda neste sábado (6).
O presidente também comparou Campos Neto ao ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles. "Duvido que esse cidadão [Campos Neto] tenha mais autonomia do que o Meirelles teve. Só que o Meirelles tinha a responsabilidade de ter um governo discutindo com ele, olhando as preocupações. Esse cidadão não tem", disse.
Na quarta-feira (3), mesmo sob a pressão do governo federal pela redução da Selic, o Copom (Comitê de Política Monetária), do BC (Banco Central), manteve a taxa básica de juros em 13,75% ao ano. É a sexta vez seguida que a Selic é mantida nesse patamar, o maior desde o início de 2017. A taxa ficará vigente por ao menos 45 dias, quando os diretores do BC voltam a se encontrar para discutir novamente a conjuntura econômica nacional.
"O ambiente externo se mantém adverso. Os episódios que envolvem bancos no exterior têm elevado a incerteza, mas com contágio limitado sobre as condições financeiras até o momento, requerendo contínuo monitoramento. Em paralelo, os bancos centrais das principais economias continuam determinados a promover a convergência das taxas de inflação para suas metas, em um ambiente em que a inflação se mostra resiliente", disse o BC em nota.