Lula volta a defender revisão da autonomia do Banco Central
Presidente diz que pode reavaliar independência do órgão ao fim do mandato de Roberto Campos Neto, em 2024
Brasília|Do R7, em Brasília
O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), voltou a defender a revisão da autonomia do Banco Central. Nesta quinta-feira (16), ele disse que pode analisar a independência da instituição depois do término do mandato do presidente Roberto Campos Neto, que ficará à frente do órgão até o fim de 2024.
"Vamos ver qual é a utilidade que a independência do Banco Central teve para este país. Se trouxe para o país uma coisa extraordinariamente positiva, não tem problema nenhum ele ser independente. O que eu quero saber é o resultado. O resultado vai ser melhor? Um Banco Central autônomo vai ser melhor? Vai melhorar a economia? Ótimo. Mas se não melhorar, nós temos que mudar", comentou Lula em entrevista à CNN Brasil.
Desde o início do mês, Lula tem feito reiteradas críticas à decisão do Banco Central de não baixar a taxa básica de juros, a Selic, que está em 13,75%. De acordo com o chefe do Executivo, não há justificativa para que o índice esteja nesse patamar, o que, segundo ele, atrapalha o crescimento do Brasil.
Nesta quinta, o presidente até comentou que "não cabe ao presidente da República ficar brigando com o presidente do Banco Central", mas defendeu que Campos Neto respeite a lei que instituiu a autonomia do banco.
"Ele está lá, tem lei e mandato. Mas a única coisa que eu quero é que ele cumra o que está na lei que aprovou a autonomia do Banco Central. Tem que cuidar da inflação, cuidar do crescimento, cuidar do emprego. Se tem uma lei que diz que o presidente do Banco Central precisa cumprir essas funções, ele precisa cumprir, é a meta dele", opinou Lula.
Segundo o presidente, caso seja necessário, ele está disposto a conversar com Campos Neto. "Eu acho que o [ministro da Fazenda, Fernando] Haddad tem toda a disposição para conversar com o presidente do BC. Já conversou várias vezes e vai continuar conversando. Se for necessário o presidente da República conversar com o presidente do BC, se for do interesse do Brasil, eu também não tenho problema nenhum em conversar com quem quer que seja."