Macron relembra 8 de Janeiro e elogia Lula por ‘restaurar democracia’ no Brasil
Presidente francês agradeceu petista por 'combate travado de maneira maravilhosa contra inimigos da democracia'
Brasília|Ana Isabel Mansur e Plínio Aguiar, do R7, em Brasília
O presidente da França, Emmanuel Macron, elogiou nesta quinta-feira (28) a atuação de Luiz Inácio Lula da Silva frente aos atos extremistas de 8 de janeiro de 2023, quando as sedes dos Três Poderes foram invadidas e depredadas. Macron relembrou o episódio e afirmou que Lula restaurou a democracia no Brasil. A declaração foi dada após encontro bilateral, no Palácio do Planalto, em Brasília. É o último dia da visita oficial do líder europeu, que chegou ao Brasil na terça (26).
“Toda a minha comitiva e eu, pessoalmente, nos sentimos imensamente honrados de estarmos hoje aqui ao seu lado. Hoje, aqui, neste lugar, nesta praça dos Três Poderes, que foi atacada, destruída praticamente ou, pelo menos, bastante maltratada pelos inimigos da democracia”, disse Macron. “A maneira com que conseguiu reconstituir os equilíbrios da democracia e levar a cabo esse debate internacional significa muitíssimo para nós”, acrescentou o francês, ao agradecer Lula pelo "combate que travou contra inimigos da democracia e pela maneira maravilhosa que pôde restaurar a democracia no Brasil".
Em seu discurso, Lula demonstrou preocupação com a expansão do discurso de ódio. “Em todo o mundo, a democracia está sob a sombra do extremismo. A negação da política e a disseminação do discurso de ódio é crescente e preocupante. O Brasil e a França estão decididos a trabalhar juntos para promover, pelo debate democrático, uma visão compartilhada de mundo”, argumentou.
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Também nesta quinta (28), o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes mandou soltar provisoriamente os coronéis da PMDF (Polícia Militar do Distrito Federal) Fábio Augusto Vieira, Klepter Rosa e Marcelo Casimiro, réus pelos atos do 8 de Janeiro. Eles estavam presos desde 18 de agosto de 2023 por suspeita de omissão no dia das ações extremistas.
Na última sexta-feira (22), o STF formou maioria para condenar mais 14 réus acusados pela PGR (Procuradoria-Geral da República) de participação no 8 de Janeiro. As penas têm limite de 17 anos de reclusão e pagamento de R$ 30 milhões por danos morais coletivos.
Lula e Macron
Ainda na declaração conjunta, nesta quinta (28), os dois presidentes condenaram a situação política na Venezuela. A candidata da oposição Corina Yoris foi impedida de registrar candidatura para o processo eleitoral venezuelano, marcado para 28 de julho. Ela é um dos principais nomes para derrotar o ditador Nicolás Maduro.
"É grave que a candidata não possa ter sido registrada. Ela não foi proibida pela Justiça, parece que tentou usar o computador e não conseguir entrar, isso causou prejuízo à candidatura. Não tem explicação jurídica, política, proibir um adversário de ser candidato. Aqui no Brasil, todo mundo sabe, todos os adversários são tratados nas mesmas condições. Aqui, é proibido proibir, a não ser que tenha restrição judicial", afirmou o petista, ao completar que o Brasil vai observar o processo no país vizinho.
Macron destacou que "concorda com tudo" que foi dito por Lula. Para o líder europeu, o processo eleitoral na Venezuela não tem sido democrático nem transparente. "Condenamos firmemente terem tirado uma candidata do processo. Não nos desesperamos, mas a situação é grave e piorou", declarou.