Maioria em risco de fome é mulher, parda e recebe até um salário mínimo, mostra IBGE
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua 2023 revela ainda que maior parte não completou o ensino fundamental
Das pessoas com insegurança alimentar no Brasil, 59,4% são mulheres, e 40,6%, homens. Desse total, 54,5% são pardos, 29% brancos, e 15,2%, pretos. A maioria — 36,3% — começou, mas não terminou o ensino fundamental, e vive em casa com até três pessoas — 67,5%. A renda per capita de 72,8% não passa de um salário mínimo. Os dados são da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua: Segurança Alimentar 2023, divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta quinta-feira (25).
A maior parcela é formada ainda por pessoas sem carteira assinada, que não são trabalhadores domésticos e nem autônomos. Esse grupo reúne 48,2% das pessoas em insegurança alimentar.
Do total em insegurança alimentar, 27% estava em situação “leve”, 9% em risco “moderado” e 5% em estágio “grave”.
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Níveis de segurança alimentar
O IBGE classifica a segurança alimentar como sendo o acesso pleno e regular aos alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais. Já a insegurança alimentar é classificada em três níveis — leve, moderada e grave — da seguinte maneira:
• Insegurança alimentar leve: quando há preocupação com o acesso aos alimentos no futuro, além de queda na qualidade adequada dos alimentos resultante de estratégias que visam não comprometer a quantidade de alimentação consumida.
• Insegurança alimentar moderada: quando os moradores, sobretudo os adultos da família, passaram a conviver com a restrição quantitativa de alimentos.
• Insegurança alimentar grave: quando há redução quantitativa de alimentos também entre as crianças, ou seja, todos os moradores do domicílio passaram por privação severa no consumo de alimentos, podendo chegar à sua expressão mais aguda, a fome.
Mais números da pesquisa
O Brasil tem 8,6 milhões de pessoas vivendo com insegurança alimentar grave, ou seja, sem ter o que comer todos os dias. O número representa uma parcela de 4% da população brasileira, hoje estimada em 216,1 milhões. Desse total, 7 milhões de pessoas vivem em áreas urbanas e, 1,6 milhão, em territórios rurais.
O levantamento mostrou que o número de pessoas nessa condição diminuiu nos últimos cinco anos. A Pesquisa de Orçamentos Familiares, com dados de 2018, indicou que, à época, 10,3 milhões de brasileiros estavam nessa situação. Em 2013, 7,2 milhões viviam sem ter o que comer todos os dias.