Marcha pelo Clima pressiona por decisões efetivas na COP30
Ato cobrou fim de combustíveis fósseis e justiça climática
Brasília|Lis Cappi, do R7, enviada especial a Belém

Com brados de protesto, música e apresentações artísticas, cerca de 30 mil pessoas tomaram as ruas de Belém neste sábado (15) e deram forma a mais uma edição da Marcha Global pelo Clima. O protesto seguiu sob sol forte e por mais de três horas, em um trajeto entre o Mercado de São Brás e a Aldeia Amazônica, que conta com 4,5 quilômetros.
A ação foi voltada para cobrar decisões e compromissos ambientais ainda na COP30, e marcou a retomada de atos de protesto em defesa ao meio ambiente durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, o que não acontecia há três anos.
A versão de 2025 ganhou forma e personalidade brasileira, com referências culturais que remetem à Amazônia e em representatividade. Comunidades locais, indígenas, ribeirinhos e quilombolas estiveram entre os que pediram por ações práticas e efetivas em resposta à crise do clima.
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Entre as principais reivindicações estiveram apelos pelo fim do uso de combustíveis fósseis, com destaque à exploração de petróleo no Brasil.
O espaço ganhou destaque durante a marcha com a intervenção que recebeu o nome de “Funeral dos Fósseis”, e contou com mais de cem artistas, que levaram caixões gigantes para representar o carvão, o petróleo e o gás.
A representação de uma cobra gigante, de nome Boiúna, é o que liderava o cortejo, relembrando peça do folclore paraense em que a cobra é capaz de virar em embarcações. Aristas com fantasias de jaguares e em roupas que representavam o luto também fizeram parte da intervenção.
Cerca de 30 mil pessoas tomaram as ruas de Belém neste sábado para Marcha Global pelo Clima
Lis Cappi/R7/15.11.2025
“A ideia de enterrar os fósseis, gás, óleo e petróleo serve para mostrar para o povo no mundo que existe uma forma sustentável e uma forma de viver nesse planeta de forma limpa”, explica a artista amazônida Jeniffer Soares.
O tema levantado pelos ativistas contrasta com a realidade do espaço de negociação da COP30, que bateu recorde no número de lobistas que defendem a continuidade da exploração de petróleo: são 1.602 representantes em Belém.
O monitoramento feito pela coalizão KBPO (Kick Big Polluters Out, na sigla em inglês para “Expulse os Grandes Poluidores”), mostra que o número seria equivalente a um lobista de petroleira para cada 25 participantes da COP. A quantidade supera delegação de todos os países, com exceção do Brasil.
Hidrovias e ferrogrão
Em outra frente, indígenas mantiveram ações de protesto para avanço de demarcação de territórios e contra o avanço de obras que podem afetar comunidades, como caso de hidrovias, que alcançam os rios Tapajós, Madeira e Tocantins.
Lideranças também pediram para que uma ferrovia entre o Mato Grosso e o Pará, que propõe escoamento de grãos, não avance. O local ficou conhecido como “Ferrogrão”.
As pautas devem voltar a ser citadas em uma carta elaborada por lideranças, que será formalmente apresentada à COP30 neste domingo (16).
Outras pautas
A Marcha pelo Clima ainda demandou mais atenção às comunidades, com cobrança por uma transição que garanta justiça social, espaço para mulheres e alcance de políticas públicas entre cidades.
O início do ato contou com a presença das ministras do Meio Ambiente, Marina Silva, e dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara. Ao R7, Guajajara citou otimismo de que as demandas dos protestos contribuam com avanços de negociações na COP30.
“O ato sempre ajuda. Aqui está a representação do povo, dos movimentos, de quem sempre esteve aqui cuidando, protegendo. Então, aqui estão as mensagens do povo que já vive os impactos das mudanças climáticas. Estamos vários blocos, cada um com sua representação e, certamente, o que é dito aqui vai sim ter uma incidência lá nas decisões”.
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