Mauro Cid permanece em silêncio em CPI da Câmara Legislativa que investiga atos antidemocráticos
Presidente da CPI afirmou que deverá convocar uma sessão extraordinária para ouvi-lo 'no momento que ele quiser falar'
Brasília|Giovanna Inoue, do R7, em Brasília
O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro Mauro Cid permaneceu em silêncio nesta quinta-feira (24) diante das perguntas dos deputados distritais na CPI da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF). Durante a fala inicial, que foi uma versão editada do discurso dado na CPMI do Congresso Nacional, ele afirmou que faria "uso constitucional do silêncio". Cid está preso desde maio e foi autorizado a prestar depoimento e a permanecer em silêncio pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes.
Ainda na fala de abertura, Cid afirmou que "na prática, a função do ajudante de ordens consistia basicamente em serviços de secretariado executivo do ex-presidente", e citou como exemplo de atribuições o "recebimento e entregas de presentes". Disse ainda que permanecia do lado de fora das salas de reuniões, "sempre à disposição caso algum mandatário necessitasse de algo", e que não questionava o que era tratado nas agendas.
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A única pergunta respondida por Mauro Cid durante o depoimento foi sobre sua idade, 44 anos. Ele afirmou que permaneceria em silêncio durante todas as outras perguntas, sendo questionado sobre o possível vínculo de amizade entre a família dele e a família Bolsonaro, o envolvimento nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro e sobre o uso do uniforme militar durante o depoimento.
O presidente da CPI, deputado Chico Vigilante (PT), afirmou que se Mauro Cid decidir falar e for aconselhado pelos advogados, a comissão convocará uma sessão extraordinária para ouvi-lo. "Eu sinto que ele queria falar e ele tem muito a falar", disse o presidente. A defesa do ex-ajudante de ordens informou que ele foi orientado a não responder. "Evidentemente, tem muita coisa que ele gostaria de falar, mas ele tem que seguir a orientação da defesa", explicou o advogado Cezar Bitencourt.
Mauro Cid, que é tenente-coronel, trajava o uniforme do Exército durante a oitiva. Questionada, a defesa afirmou que "ele não pode vir sem farda". O R7 procurou o Exército para comentar o episódio e ainda não recebeu resposta.
Na próxima quinta-feira (31), a CPI ouve os depoimentos do suposto financiador dos acampamentos extremistas, Armando Valentim, e do cacique Sererê, cuja prisão motivou os atos de 12 de dezembro.