'Farei uso constitucional do silêncio', diz Mauro Cid em CPI da Câmara Legislativa
Questionado sobre a relação de amizade entre a família dele e a do ex-presidente, Cid não quis responder
Brasília|Giovanna Inoue, do R7, em Brasília
O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro Mauro Cid afirmou que faria "uso constitucional do silêncio" durante seu depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) nesta quinta-feira (24). Questionado sobre a relação de amizade entre a família dele e a do ex-presidente, Cid não quis responder.
Durante a fala inicial, o ex-ajudante de ordens afirmou que não participava de atividades relativas à gestão pública e que não analisava propostas, projetos nem demandas trazidas por ministros.
• Compartilhe esta notícia no WhatsApp
• Compartilhe esta notícia no Telegram
"Na prática, a função do ajudante de ordens consistia basicamente em serviços de secretariado executivo do ex-presidente, tendo como exemplo a execução das seguintes tarefas: a execução da agenda, recepção e encaminhamento de pessoas ou autoridades para as reuniões, atendimento de ligações e recebimento de correspondências, impressão de documentos, recebimento e entregas de presentes e auxiliá-lo nas atividades particulares do presidente como almoços, viagens", afirmou.
Presentes e joias de Bolsonaro
Em outubro de 2021, ao voltar de uma viagem à Arábia Saudita, a comitiva do ex-ministro Bento Albuquerque, que tinha representado o ex-presidente Jair Bolsonaro em um evento, tentou entrar no país com joias avaliadas em mais de R$ 16 milhões. Um conjunto com colar de diamantes foi apreendido no aeroporto de Guarulhos. Assessores do então presidente tentaram liberar as joias. Um segundo pacote, com relógio e anéis, passou irregularmente pela alfândega na mochila de um militar e foi incorporado ao acervo pessoal de Bolsonaro.
Segundo as investigações, o ex-presidente teria ficado com um terceiro conjunto de joias — que incluía um relógio Rolex no valor de R$ 344 mil —, que, posteriormente, teria sido vendido por Mauro Cid nos Estados Unidos. Depois que a história veio à tona, em março deste ano, o Tribunal de Contas da União (TCU) decidiu que o ex-presidente deveria devolver os presentes, o que levou o advogado de Bolsonaro, Frederick Wassef, a recomprar o relógio para entregá-lo ao governo.
Mauro Cid teria tentado vender outros itens no exterior, mas não houve compradores. Em agosto, o pai dele, o general Mauro César Lourena Cid, foi um dos alvos de uma operação da PF de busca e apreensão por suposto envolvimento na venda ilegal de joias e presentes recebidos por Bolsonaro. A suspeita é que o general tenha atuado com o filho na venda dos artigos de luxo recebidos pelo ex-presidente. A hipótese da participação do general ganhou força depois que uma foto mostrou o reflexo do rosto do general na caixa de joias divulgada na internet para a venda.