Em audiência no Senado, Mauro Vieira defende declaração de Lula sobre Israel
Vieira reforçou que o Brasil seguirá denunciando o bloqueio de ajuda humanitária por Israel em Gaza
Brasília|Victoria Lacerda, do R7, em Brasília
Em audiência pública realizada nesta quinta-feira (14) na Comissão de Relações e Defesa Nacional do Senado, o chanceler Mauro Vieira defendeu as declarações sobre Israel feitas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no mês passado, quando ele comparou as ações militares israelenses ao extermínio de judeus. "São palavras que expressam a sinceridade de quem busca preservar e valorizar o valor supremo que é a vida humana", disse o ministro das Relações Exteriores.
O chanceler fez questão de ressaltar que as críticas de Lula são direcionadas ao governo israelense e não ao povo de Israel. Vieira enfatizou que o Brasil continuará a denunciar a decisão de Israel de bloquear a entrada de ajuda humanitária em Gaza.
Vieira criticou a resposta de Israel aos ataques do grupo terrorista Hamas, considerando-a desproporcional. O ministro condenou as ações de Israel na Faixa de Gaza, bem como a possibilidade de tais ataques se alastrarem para outros territórios palestinos.
Relações abaladas
As relações entre Brasil e Israel foram abaladas quando o presidente Lula comparou as ações de Israel na guerra contra o Hamas na Faixa de Gaza ao Holocausto durante a Segunda Guerra Mundial. Isso resultou em medidas retaliatórias por parte do governo israelense. Lula é considerado "persona non grata" no país até que haja uma retratação sobre as declarações sobre Israel.
Vieira listou uma série de fatores que mostram que Israel não está cumprindo as normas do direito internacional no conflito com o grupo terrorista Hamas. Entre esses fatores estão o bloqueio da ajuda humanitária à Faixa de Gaza e o aumento das ocupações ilegais por colonos israelenses.
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O governo brasileiro sempre defendeu a libertação dos reféns mantidos pelo Hamas. Por ordem de Lula, Vieira chamou o embaixador brasileiro de volta ao Brasil e organizou uma reunião com o chefe da representação de Israel em Brasília. Essas medidas tiveram como objetivo demonstrar a insatisfação do governo brasileiro com as autoridades israelenses.
As relações entre Brasil e Israel já estavam abaladas desde que o Brasil anunciou seu apoio à África do Sul em uma ação movida pela Corte Internacional de Justiça. Os sul-africanos acusaram formalmente Israel de cometer genocídio contra o povo palestino e pediram o fim das operações militares.