Brasília Ministério resgata 12 pessoas de trabalho escravo no Entorno do DF

Ministério resgata 12 pessoas de trabalho escravo no Entorno do DF

Homens viviam em carvoarias sem equipamentos de proteção nem condições de higiene; adolescente de 16 anos está entre resgatados

  • Brasília | Do R7

Carvoaria no Entorno onde estavam trabalhadores vítimas de escravidão

Carvoaria no Entorno onde estavam trabalhadores vítimas de escravidão

Divulgação/Ministério do Trabalho

Uma operação do Ministério do Trabalho resgatou 12 trabalhadores em situação análoga à de  escravidão em carvoarias de Cristalina e Luziânia, municípios goianos no Entorno do Distrito Federal. A ação conjunta começou a ser planejada há dez dias, com o apoio de órgãos como Defensoria Pública da União e Ministério Público do Trabalho.

Entre as vítimas, havia um adolescente de 16 anos, que foi encontrado em uma fazenda de Luziânia. A atividade de carvoaria é classificada como uma das piores formas de trabalho infantil pela Organização Internacional do Trabalho (OIT).

Os homens foram encontrados em situação degradante. O local de trabalho e o alojamento estavam em condições inadequadas de limpeza e higiene e não havia banheiro apropriado – os trabalhadores eram obrigados a recorrer ao mato para fazer as necessidades fisiológicas.

Os trabalhadores não tinham acesso a água potável e a equipamentos de proteção individual. O grupo ainda estava vulnerável a insetos e animais peçonhentos. Essa condição caracteriza trabalho análogo à escravidão.

Sanções

Os empregadores foram alvo de sanções. O dono da carvoaria em Cristalina pagou as verbas rescisórias dos dez trabalhadores do local, calculadas em R$ 100 mil, e também deverá recolher o FGTS dos funcionários. Ele ainda assinou um termo de ajustamento de conduta e terá de pagar uma indenização às vítimas. No caso do proprietário da fazenda em Luziânia, ele foi notificado, mas não havia quitado a rescisão dos dois trabalhadores do local até a publicação desta reportagem.

Os empregadores ainda vão responder a processo administrativo e, se o recurso for recusado, poderão ser incluídos na Lista Suja do Trabalho Escravo. A ferramenta, lançada em 2003, visa fortalecer a transparência no combate à escravidão moderna.

Outras fiscalizações

Mais duas fazendas foram fiscalizadas em Formosa, outra cidade do Entorno. Por lá, havia criação de gado e cultivo de soja. Dois funcionários trabalhavam sem registro. Os empregadores foram autuados e notificados a formalizar os contratos pelo e-Social.

Denúncias

A política de combate a esses crimes foi lançada em 1995 com a instituição do Grupo Especial de Fiscalização Móvel (GEFM) do Ministério do Trabalho. Em 26 anos, 56 mil trabalhadores foram resgatados desse tipo de condição análoga à de escravo e R$ 108 milhões foram recolhidos na forma de verbas salariais e rescisórias.

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