Ministra da Saúde pede para população não se automedicar em suspeita de leptospirose
Nísia Trindade lamentou morte por leptospirose no Rio Grande do Sul; enchentes no estado já mataram 161 pessoas
Brasília|Ana Isabel Mansur, do R7, em Brasília
A ministra da Saúde, Nísia Trindade, reforçou nesta terça-feira (21) a importância de evitar a automedicação em casos de suspeita de leptospirose. A fala ocorreu em Porto Alegre (RS), em coletiva de imprensa sobre as ações do Executivo em relação à tragédia enfrentada pelo Rio Grande do Sul, devido às fortes chuvas e enchentes que atingem o estado. A primeira morte pela doença no RS desde o início do desastre foi confirmada nessa segunda (20). A leptospirose é uma doença infecciosa causada por uma bactéria, a leptospira, encontrada na urina contaminada de roedores, principalmente ratos.
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“É um problema evitável se, com sintomas já descritos, como febre, dor lombar e dor na panturrilha, imediatamente procurar atendimento de saúde. Não se automediquem. Vamos procurar atendimento para evitar que a automedicação leve a um agravamento de quadros”, afirmou Nísia, ao lamentar a morte.
O desastre no estado já deixou 161 mortos e 806 feridos, segundo o balanço mais recente da Defesa Civil local, divulgado às 9h desta terça (21). Outras 85 pessoas estão desaparecidas e 581.633, desalojadas — das quais 72.561 estão em abrigos. As forças de resgate já salvaram 82.666 gaúchos e 12.358 animais. No total, cerca de 2,3 milhões de cidadãos foram afetados pela tragédia, em 464 municípios, 93% do estado.
Recursos
Na coletiva, Nísia anunciou mais R$ 202,2 milhões do Ministério da Saúde para o Rio Grande do Sul, com foco na ampliação e manutenção da assistência no estado. No total, o ministério já enviou cerca de R$ 1,7 bilhão em recursos emergenciais ao RS.
O novo valor inclui R$ 76,3 milhões do Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) para a construção de (UBS) unidades básicas de saúde em 30 municípios gaúchos. “A maioria expressiva está em situação de calamidade ou emergência. São municípios com propostas já aprovadas [antes da tragédia], com seleção a partir da demanda dos municípios. O recurso neste momento se torna, a meu ver, essencial para essa reconstrução”, explicou a ministra.
Do repasse anunciado nesta terça (21), R$ 66,3 milhões são para compra de medicamentos e insumos. Os R$ 59,6 milhões restantes serão liberados por meio de portarias.
Leptospirose
O período de incubação, ou seja, o intervalo de tempo entre a transmissão da infecção e o início das manifestações dos sinais e sintomas, pode variar de um a 30 dias e ocorre, normalmente, entre sete e 14 dias após a exposição a situações de risco. Os principais sintomas da fase inicial são febre, dor de cabeça, dores pelo corpo, principalmente nas panturrilhas, com eventual ocorrência de vômitos, diarreia e tosse.
Nas formas mais graves, pode haver icterícia (coloração amarelada da pele e dos olhos) e há a necessidade de internação hospitalar. O paciente também pode apresentar hemorragia, meningite, insuficiência renal, hepática ou respiratória. Em caso de suspeita da doença, é necessário procurar atendimento médico imediatamente.
Acompanhamento
Há duas semanas, o Ministério da Saúde recomendou que pacientes com suspeita de leptospirose no Rio Grande do Sul devem iniciar o tratamento contra a doença imediatamente, sem a necessidade de confirmação laboratorial. A orientação ocorre em razão do risco aumentado provocado pelas enchentes no estado. “Profissionais de saúde devem estar atentos a isso”, alertou a pasta, ao recomendar “notificação mais sensível” de casos suspeitos na região.
Em nota, o ministério destacou que a ocorrência de leptospirose está relacionada a condições precárias de infraestrutura sanitária e à alta infestação de roedores infectados pela doença. “Em cenários de desastres climáticos, como inundações, a disseminação e a persistência da bactéria no ambiente podem facilitar a ocorrência de surtos da doença”, reforçou o comunicado.