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Ministro da Defesa de Bolsonaro reforçou uso das Forças Armadas para eleições 'como a gente sonha'

Fala foi registrada em reunião ministerial realizada em 5 de julho e que serviu como peça-chave para operação da PF

Brasília|Bruna Lima, do R7, em Brasília

Ex-ministro criticou comissão do TSE
Ex-ministro criticou comissão do TSE Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

Ex-ministro da Defesa no governo de Jair Bolsonaro, o general Paulo Sérgio Nogueira disse em reunião ministerial realizada em 5 de julho de 2022 que trabalhava junto aos comandantes das Forças Armadas para garantir que as eleições ocorressem "como a gente sonha". Segundo o militar, o movimento era para garantir "êxito" para a reeleição de Bolsonaro. 

"Eu estou realizando reuniões com os comandantes de força quase que semanalmente. Esse cenário, nós estudamos, nós trabalhamos. Nós temos reuniões pela frente, decisivas, para a gente ver o que pode ser feito, que ações poderão ser tomadas para que a gente possa ter transparência, segurança, condições de auditoria e que as eleições se transcorram da forma como a gente sonha", disse o então ministro da Defesa, completando que a finalidade era ter "êxito de reelegê-lo [Bolsonaro], e esse é o desejo de todos nós". 

A gravação da reunião é peça-chave para a operação Tempus Veritatis, realizada na quinta-feira (8), para investigar a suposta organização de um golpe de Estado em 2022 em prol do candidato derrotado e ex-presidente Jair Bolsonaro. O plano tinha a participação de ex-assessores, militares e do presidente do PL, Valdemar Costa Neto.

A decisão que autorizou a operação é do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal). Nela, a afirmação é de que "o então ministro da Defesa admite que a atuação das Forças Armadas para 'garantir transparência, segurança, condições de auditoria' nas eleições tinha a finalidade de reeleger o então presidente Jair Bolsonaro'".


Ministro admitiu plano para reeleger Bolsonaro
Ministro admitiu plano para reeleger Bolsonaro Reprodução/material cedido à reportagem

Na reunião, Nogueira trata o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) como um inimigo e relata desconfiança em relação ao sistema. "Como disse o presidente [Bolsonaro], eles [TSE] decidem aquilo que possa interessar ou não, e não tem instância superior. A gente fica meio que de mãos atadas esperando a boa vontade dele aceitar isso ou aquilo outro". 

Ao falar sobre a Comissão de Transparência Eleitoral criada pelo TSE, o ministro afirmou que a ação seria "para inglês ver". "Nunca essa comissão sentou numa mesa e discutiu uma proposta. É retórica, discurso, ataque à democracia".


Pelas investigações da PF, Nogueira fazia parte do núcleo de oficiais de alta patente que utilizavam os cargos para influenciar e incitar apoio aos demais grupos de atuação - por meio do endosso de ações e medidas a serem adotadas para consumação do golpe de Estado. O relatório da PF divide a estratégia em cinco eixos de atuação e seis núcleos

Bolsonaro

Na mesma reunião, o ex-presidente reclama da inteligência brasileira por não ter relatórios que revelem crimes cometidos por adversários políticos. Ele admite que foi beneficiado quando o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) chamou as Forças Armadas para integrar o comitê de transparência eleitoral. "Eles erraram. Para nós, foi excelente. Eles se esqueceram que sou o chefe supremo das Forças Armadas?", disse.


A reunião ministerial teve como intuito exigir um alinhamento de todos os líderes das pastas do Executivo para garantir uma ação antes do resultado das urnas. "Sabemos que se a gente reagir depois das eleições vai ter um caos no Brasil, vai virar uma grande guerrilha, uma fogueira."

O processo da PF informa que o ex-presidente Bolsonaro pressionou os ministros do governo, durante a reunião, para que promovessem e replicassem "desinformações e notícias fraudulentas".

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