Ministro da Justiça vai levar a Bolsonaro reclamações de policiais por aumento
Entidades não descartam protestos e paralisações diante do cenário; governo tenta conter crise com uma das bases eleitorais
Brasília|Plínio Aguiar, do R7, em Brasília
Após reunião com representantes das forças de segurança pública nesta segunda-feira (18), o ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, e parlamentares governistas vão levar queixas e insatisfações da categoria ao presidente Jair Bolsonaro. A reportagem apurou com políticos presentes na reunião que os policiais reclamam do reajuste salarial de 5% cogitado pelo governo federal para todas as categorias de servidores públicos federais.
Entidades das forças de segurança pública afirmam que protestos e paralisações não foram descartados diante do cenário apresentado pelo governo, que avalia a situação e tenta conter a crise com uma das bases eleitorais de Bolsonaro, que tentará a reeleição neste ano.
As entidades avaliam que o reajuste não é o suficiente e pedem uma reestruturação das polícias da União.
Torres não garantiu que haveria aumento maior que 5% para a categoria, mas que disse que buscaria uma solução definitiva junto ao presidente. A expectativa é que o ministro se reúna com Bolsonaro ainda nesta semana.
Reajuste para todos
O encontro do ministro com os representantes ocorre após a crise aberta com a decisão de o governo de conceder reajuste de 5% dos salários dos servidores federais de todas as categorias da administração pública. A expectativa é para que o anúncio seja feito nesta semana. A recomposição deve ser feita a partir de julho.
Para cumprir o reajuste, o Executivo terá de diminuir os recursos de outros setores do governo. De acordo com a Lei Orçamentária de 2022, apenas R$ 1,7 bilhão podem ser usados para o reajuste neste ano. Os 5% farão com que o governo tenha de gastar até R$ 6,3 bilhões com a medida.
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Em nota divulgada na noite desta segunda-feira (18), entidades ligadas a categoria dos policiais disseram que os representantes levaram ao ministro "o sentimento de surpresa e de descontentamento" com as notícias sobre o reajuste salarial para todos os servidores públicos, "passando a ideia de que a reestruturação das polícias não seria sequer encaminhada ao Congresso Nacional".
“As entidades entendem que tal ação não obsta o andamento da reestruturação das polícias da União e destacam que o projeto de recomposição inflacionária é diferente da proposta de reestruturação. Mais ainda, quando os valores citados em diferentes meios exigirão a apresentação do novo projeto de lei”, argumentam.
Nesta semana, as entidades realizarão assembleias gerais com suas bases para deliberar sobre as próximas medidas a serem adotadas para que a reestruturação seja, de fato, implementada.