Moraes abre inquérito para apurar vazamento de mensagens dele com assessores
Investigação será feita após denúncias de supostas irregularidades cometidas pelo ministro na produção de relatórios
Brasília|Augusto Fernandes e Gabriela Coelho, do R7, em Brasília
O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes decidiu abrir um inquérito para apurar o vazamento de mensagens dele com assessores. O ministro tomou a decisão em função de matérias publicadas na imprensa que afirmam que o gabinete dele no STF deu ordens por aplicativos de mensagens e de forma não oficial para que fossem produzidos relatórios pela Justiça Eleitoral que embasassem decisões do próprio Moraes contra aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Supremo durante e após as eleições de 2022.
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Um dos primeiros procedimentos do inquérito será o depoimento do ex-chefe da AEED (Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação) do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) Eduardo Tagliaferro. Ele foi intimado pela Polícia Federal por ordem de Moraes e deve ser ouvido às 11h desta quinta-feira (22) na Superintendência da Polícia Federal em São Paulo.
A mulher de Tagliaferro também vai prestar depoimento sobre o caso nesta quinta, às 14h30.
As mensagens de Moraes com assessores foram reveladas pelo jornal Folha de S. Paulo. O jornal disse ter tido acesso a diálogos que mostram como o setor de combate à desinformação do TSE, presidido por Moraes entre agosto de 2022 e junho de 2024, foi usado como um braço investigativo do gabinete do ministro no Supremo.
Depois do vazamento das conversas, Moraes afirmou que agiu dentro da normalidade em investigações relatadas por ele na corte e que não houve irregularidade nos procedimentos adotados por ele ao acionar o TSE para fazer solicitações judiciais.
“Nenhuma das matérias preocupa meu gabinete, não me preocupa. Não me preocupa. Todos os procedimentos foram realizados no âmbito de investigações já existentes. No curso desses inquéritos, várias vezes surgia que aqueles investigados estavam reiterando as condutas ilícitas: incitação a atentados, golpe de Estado, discursos de ódio, ameaças de morte. Sabemos que faltou nas eleições de 2018 a necessidade de preservação de conteúdo. Procedimento normal e investigativo”, disse o ministro em sessão do STF.