Moro diz que 'corrupção do PT foi real' após Toffoli afirmar que prisão de Lula teria sido 'armação'
O senador faz parte do grupo de procuradores e membros do Judiciário que terão a conduta analisada por atuação na Lava Jato
Brasília|Bruna Lima, do R7, em Brasília
O senador Sergio Moro (União-PA) defendeu nesta quarta-feira (6) a Operação Lava Jato e afirmou que "a corrupção nos governos do PT foi real" após o anúncio de que a Advocacia-Geral da União (AGU) vai criar uma força-tarefa para apurar a conduta de procuradores da República e membros do Poder Judiciário durante a instrução e o julgamento de casos da Lava Jato. As investigações recaem sobre Moro, que era juiz na 13ª Vara Federal de Curitiba, responsável pela condução da operação.
Em publicação nas redes sociais, o ex-juiz também citou a recuperação de mais de R$ 6 bilhões para a Petrobras. "Esse foi o trabalho da Lava Jato, dentro da lei, com as decisões confirmadas durante anos pelos Tribunais Superiores", disse.
A medida ocorre após o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, anular todas as provas obtidas por meio do acordo de leniência da construtora Odebrecht. O ministro afirmou ainda que a prisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi um dos maiores erros judiciários da história do país e "uma armação". Esses elementos agora anulados serviram de base para diversas acusações e processos na Operação Lava Jato.
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O objetivo da AGU é cumprir com a determinação de Toffoli para identificar e informar quais agentes públicos atuaram no acordo de leniência da Odebrecht que não usaram os trâmites formais. O magistrado também demandou à Procuradoria-Geral da República, à Receita Federal, ao CNJ (Conselho Nacional de Justiça) e ao CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público) que tomem as providências necessárias para apurar responsabilidades sobre o acordo.
Segundo Toffoli, agentes públicos atingiram pessoas naturais e jurídicas, independentemente de sua culpabilidade ou não. E "destruíram tecnologias nacionais, empresas, empregos e patrimônios públicos e privados". Para o ministro, centenas de acordos de leniência e delações premiadas foram celebrados como meios ilegítimos de levar inocentes à prisão.
Toffoli deu um prazo final de dez dias à 13ª Vara Federal de Curitiba e ao Ministério Público Federal do Paraná para compartilharem com a defesa de Lula o "conteúdo integral de todos os documentos do acordo de leniência da Odebrecht", sob pena de cometimento do crime de desobediência.