Motta retoma sessão após confusão com Glauber e diz que deputado desrespeita a Câmara
Após se recusar a deixar a cadeira da Presidência durante protesto, deputado foi retirado do plenário; presidente da Casa diz que atitude foi abuso
Brasília|Mariana Saraiva, do R7, em Brasília

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, se pronunciou no plenário nesta terça-feira (9) sobre o protesto do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ), que terminou em confusão após o parlamentar se recusar a deixar a cadeira da Presidência da Casa. Durante a ação, Glauber foi retirado do local pela Polícia Legislativa Federal, em meio ao avanço de um processo que pode culminar na cassação de seu mandato.
De acordo com Motta, ao ocupar a cadeira da Presidência para impedir o andamento dos trabalhos, Glauber Braga não desrespeitou apenas o presidente em exercício, mas a própria Câmara dos Deputados. “Ele desrespeita o Poder Legislativo. E o faz, inclusive, de forma reincidente, após já ter ocupado uma comissão por mais de uma semana em um ato extremo que não encontra amparo no regimento nem na liturgia do cargo”, afirmou.
“O assento da Presidência não pertence a mim. Pertence à República, à democracia e ao povo brasileiro. Nenhum parlamentar está autorizado a transformá-lo em instrumento de intimidação, espetáculo ou desordem. Deputado pode muito, mas não pode tudo. Na democracia, ele pode tudo dentro da lei e do regimento. Fora disso, não é liberdade: é abuso”, disse Motta. Segundo ele, o presidente da Câmara não é responsável pelos atos que levam processos de cassação ao plenário.
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O presidente da Casa também afirmou que não permitirá que as regras sejam desrespeitadas ou que o Parlamento seja aviltado. “Há um equívoco grave na postura de quem acredita que a democracia só existe quando o resultado lhe agrada. Quem se diz defensor da democracia, mas agride o funcionamento das instituições, vive da mesma lógica dos extremistas que tanto critica”, declarou.
Ainda de acordo com Motta, o extremismo não tem lado. “Para o extremista, só existe um lado: o seu. E quem só enxerga o próprio lado nega o outro, nega o debate, nega o pluralismo e acaba negando a própria democracia. A Câmara não se curvará a esse tipo de conduta. Nem hoje, nem nunca. A minha obrigação, como presidente desta Casa, é proteger o Parlamento”, afirmou.
Hugo Motta disse ainda que seguiu rigorosamente os protocolos de segurança e o regimento interno. “O Ato da Mesa nº 145, em seu artigo 7º, é claro: o ingresso, a circulação e a permanência nos edifícios e locais sob responsabilidade da Câmara dos Deputados estarão sujeitos à interrupção ou à suspensão por questão de segurança. Determinei, ainda, a apuração de todo e qualquer excesso cometido contra a cobertura da imprensa”, completou.
“A minha obrigação é proteger a democracia do grito que cala, do gesto autoritário disfarçado de protesto, da intimidação travestida de ato político. É isso que continuarei a fazer: garantir que divergências se expressem com voz, não com vandalismo institucional; com argumento, não com agressão simbólica; com voto, não com invasão da Mesa. Hoje ficou claro: quem tentou humilhar o Legislativo, humilhou a si mesmo”, afirmou.
Por fim, Motta disse que quem tentou fechar portas ao diálogo acabou escancarando a própria intolerância. “E quem tentou afrontar a Câmara encontrou uma instituição firme, serena e inegociável. O extremismo testa a democracia todos os dias, e todos os dias a democracia precisa ser defendida. É isso que estou fazendo. É isso que continuarei a fazer. Porque nenhum deputado é maior do que esta Casa. Mas esta Casa é maior do que qualquer extremismo”, concluiu.
Presidente da Câmara afirma que ocupação da cadeira da Presidência por Glauber desrespeitou o regimento e a própria democracia.
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